Com o objetivo de fazer andar a ideia de utilizar cereais de inverno como alternativa para a alimentação de animais, diante da escassez e preço elevado do milho, nova rodada de testes será realizada a partir de fevereiro. Variedades de trigo, cevada e triticale serão encaminhadas pela Embrapa Trigo, de Passo Fundo (RS), para a Embrapa Aves e Suínos, de Concórdia (SC). A ideia é avaliar a equivalência dessas culturas, em aspectos nutricionais, em relação ao grão produzido no verão. Com diferentes cenários analisados, da substituição total ou parcial.
— Já há estudos que demonstram essa viabilidade, o que estamos fazendo é refinar isso. Gera um parâmetro técnico e viabilidade econômica — pontua Jorge Lemainski, pesquisador da Embrapa Trigo, um dos participantes da reunião realizada ontem pelo Piratini sobre o tema.
Além de gerar opção para a indústria de proteína animal, o fomento a essas culturas permitiria intensificar o uso da terra no inverno, gerando renda aos agricultores . No verão, são mais de 7 milhões de hectares, área que fica em torno de 1 milhão na estação de frio.
Presente no encontro virtual, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reforçou o apoio da pasta, inclusive para que sejam pensadas alternativas de crédito a esse cultivo de inverno:
— Precisamos produzir mais trigo, triticale, sorgo, semente, para que o Rio Grande do Sul possa aumentar a produtividade e dar segurança para criadores de frango, leite.
A estimativa é de que os testes tenham resultados apresentados ainda neste ano. Os dados servirão de subsídio para que se possa concretizar esse projeto. A busca — e as pesquisas — para ampliar o cultivo no inverno não é nova. O debate, no entanto, recuperou fôlego no ano passado, diante do quadro de disponibilidade reduzida e altos preços do milho. Um diferencial importante vem do interesse sinalizado pelas agroindústrias, como reforçou o ex-ministro Francisco Turra, na compra futura dos cereais.
— Temos um potencial expressivo, especialmente na proteína animal, e a demanda deve aumentar quando, em seguida, formos reconhecidos como livre de aftosa (sem vacina). No entanto, os produtores têm dificuldade para alimentação dos animais — enfatizou Ernani Polo, que estava na condição de governador em exercício.