A padaria da foto acima parece convencional. Mas não é. Os pães que saem de lá têm a textura e o sabor que só chegarão à mesa do consumidor no futuro. Sem máquina do tempo, a empresa Biotrigo Genética põe à prova, no forno da área experimental, cultivares que estão sendo desenvolvidas para atender às demandas do mercado.
Isso permite verificar a performance da variedade anos antes dela chegar ao circuito comercial. Hoje, 56% da moagem de trigo no país é destinada à panificação. E desse volume, 60% destina-se para o pão francês.
– É um trabalho anual, que traz muito mais segurança tanto para o desenvolvimento genético quanto para o produtor e o consumidor – Kênia Meneguzzi, supervisora de qualidade industrial da Biotrigo, empresa gaúcha com sede em Passo Fundo.
Anualmente, cultivares com potencial de lançamento no mercado são testadas na padaria experimental. Aquelas que tiveram resposta positiva são semeadas em diversas regiões do país e têm amostras enviadas para moinhos testarem e darem o feedback à empresa gaúcha de melhoramento genético.
– Essa troca com os moinhos não é só para aprovação, é para saber o que vem por aí. É preciso antever tendências, porque uma cultivar leva de oito a 10 anos para chegar no consumidor. E ele sempre norteia as decisões do mercado – reforça Kênia.
No caso do pão francês, o primeiro avaliado é o volume – se não tiver, a cultivar em questão é eliminada. Depois, verifica-se a pestana (a rachadura central) e, por fim, o craquelado (quebradinho da crosta).
É um trabalho minucioso: de 2 mil a 3 mil cruzamentos genéticos feitos no verão e no inverno, de dois a três resultam em lançamentos comerciais.