O Rio Grande do Sul poderá destinar no próximo inverno uma área para o trigo superior a 1 milhão de hectares. Essa marca foi atingida pela última vez na safra de 2014, tendo oscilado desde então em razão de frustrações com colheita e mercado. Em 2021, são justamente as cotações favoráveis do cereal que podem fazer a cultura ganhar mais espaço.
Levantamento da Rede Técnica de Cooperativas (RTC), com base na intenção de plantio, indica que poderá haver aumento de 10% sobre área do ciclo passado, elevando-a novamente à casa do milhão. Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (Fecoagro-RS), pontua que em regiões já de grande produção, como de Santa Rosa e Missões, o cenário deve ser de estabilidade. A expansão deve vir em municípios como Júlio de Castilhos e Tupanciretã, em uma retomada da rotação com a soja cultivada no verão.
— E o que está puxando é o preço — reforça Pires.
Empresa de melhoramento genético, a Biotrigo, de Passo Fundo, estima que o avanço possa ser ainda maior, de pelo menos 20%. Segundo o diretor André Cunha Rosa, até mesmo nas Missões há produtores sinalizando intenção de ampliação do espaço à cultura. Outra região em que isso deve acontecer é no sul do Estado.
— Não é de se espantar que possa chegar a 30%. A comercialização de sementes está bastante aquecida para esta época do ano — reforça Rosa.
No Paraná, que reveza com o RS no ranking dos maiores produtores, a estimativa é de estabilidade ou leve aumento, de 5% na área do trigo. É que por lá deve ser dada preferência ao milho safrinha, que não é cultivado no território gaúcho.
Se confirmada, será a segunda expansão seguida de área. Em 2020, foram 950 mil hectares, segundo a Emater. Infelizmente, a geada de agosto e a estiagem da primavera acabaram impactando o resultado final.