O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A poucas semanas do início da colheita da soja no Rio Grande do Sul, órgãos públicos e consultorias privadas que acompanham os movimentos do agronegócio passaram a reforçar o otimismo com a safra gaúcha. Após a volta das chuvas favorecer o desenvolvimento da cultura a partir de janeiro, já há quem estime que a produção do Estado romperá a barreira de 20 milhões de toneladas em 2021, algo inédito.
No início do mês, a consultoria StoneX elevou a expectativa para a safra gaúcha de 19,932 milhões para 20,294 milhões de toneladas. Na semana passada, foi a vez da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) alterar seus números. A projeção de fevereiro está em 20,066 milhões de toneladas, enquanto em janeiro era de 19,861 milhões de toneladas.
– O que motivou a revisão foi o clima. Chama a atenção que as lavouras estão se desenvolvendo muito bem, mesmo semeadas com atraso (pelo tempo seco no fim de 2020) – diz Carlos Roberto Bestetti, superintendente da Conab no Estado.
Caso as previsões se confirmem, a safra gaúcha será a maior da história. Neste ciclo, o Rio Grande do Sul já tinha garantido outro recorde, o de maior área plantada, superando os 6 milhões de hectares destinados à oleaginosa.
Com números mais modestos, outras fontes também indicam colheita recorde do grão. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula safra de 19,421 milhões de toneladas, a consultoria Safras & Mercado de 19,964 milhões de toneladas e a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) de 19,851 milhões de toneladas.
Já a Emater divulgou sua estimava antes da semeadura, em setembro, prevendo 18,947 milhões de toneladas. O montante leva em consideração a média das últimas safras. Em março, uma nova parcial deve ser divulgada.
Mesmo que o cenário desenhado em todos os levantamentos recentes seja alentador, a safra não está totalmente garantida. A oleaginosa segue se desenvolvendo e, por isso, a manutenção da regularidade das chuvas até o final do mês tem papel determinante para que as lavouras atinjam o potencial máximo de produtividade.
Além disso, os danos deixados pela estiagem no verão passado, que derrubou a produção de soja a 11 milhões de toneladas, e o tempo seco na primavera, que afetou o milho, seguem vivos na memória dos agricultores. Portanto, apesar dos indícios de colheita cheia e com preços atrativos para a remuneração da saca, a cautela ainda se faz presente entre os produtores gaúchos.