Não é somente no ânimo que este mês foi diferente para a safra de a de grãos de verão no Rio Grande do Sul. Depois de uma primavera seca, que trouxe de volta o peso negativo da estiagem, o Estado vive outro momento do ciclo, com o retorno da chuva. E, se isso não apaga os prejuízos — que se consolidaram sobretudo no milho —, volta a alimentar a expectativa de que é possível salvar a lavoura. Em especial a de soja, que começou aos tropeços, com atraso no plantio mas, de modo geral, apresenta boas condições.
— Sempre trabalhamos com a hipótese de que o La Niña teria maior influência na primavera. Novembro foi horrível. Em dezembro, a chuva começou a aparecer. E, em janeiro, tem chovido bem em praticamente todo o Estado. Em alguns pontos mais, em outros menos — resume Flávio Varone, meteorologista da Secretaria Estadual de Agricultura.
Claro, é preciso que a umidade se mantenha, sobretudo na fase de enchimento de grão, quando representa a diferença entre uma colheita boa ou ruim. E é da previsão para fevereiro que vem outra gota de otimismo. Varone aponta que a tendência é de chuva ligeiramente acima da média. Nos primeiros dias do mês, a situação segue o curso de janeiro. Depois, pode haver um recuo em volume, mas não a ponto de configurar estiagem.
Para março também não são projetadas grandes diferenças, ainda que o mês tenha habitual redução nas precipitações.
Na área cultivada por produtores associados da Cotrijal — cerca de 400 mil hectares de soja nos 33 municípios de atuação —, o quadro espelha esse movimento do clima. Coordenador técnico de difusão da cooperativa, Alexandre Nowicki relata que a largada da safra, na segunda quinzena de outubro, início de novembro foi mais seca, com pequeno atraso na janela de plantio:
— A partir dali, houve localidades onde choveu bem e, outras, em que foi abaixo da média. E isso permanece.
O engenheiro agrônomo acrescenta que produtores que fazem manejo de solo e rotação de cultura estão sofrendo menos os impactos dos períodos de baixa umidade. Com bom volume de precipitação nos 10 dias passados e previsão para os próximos, há otimismo.
— Se tivermos boa chuva agora e em fevereiro, espera-se boa produtividade — diz Nowicki.