A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O Brasil fechou o ano de 2024 com um recorde triplo nas exportações de carnes. O resultado, que já era esperado pelo setor produtivo, veio nesta terça-feira (7), quando a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) divulgaram os números finais de cada proteína. E foi influenciado por um apetite "extra" que se multiplicou ao longo do ano pelo mercado internacional.
O maior crescimento, de 26% em volume na comparação com o ano passado, ficou com os embarques de carne bovina, que fecharam o ano com 2,9 milhões de toneladas. Na sequência, veio a carne suína, que registrou um incremento de 10%, com 1,2 milhão de toneladas. E, depois, a carne de frango, com alta de 3% e quase 5,3 milhões de toneladas exportadas.
Houve recorde também nas receitas faturadas com os embarques. O setor de carne bovina, por exemplo, movimentou US$ 12,8 bilhões, alta de 22%. Já a suína superou o patamar de US$ 3 bilhões, valor 7,6% maior. E, na carne de frango, o crescimento ficou em 1,3%, com US$ 9,9 bilhões.
O apetite "extra"
O apetite "extra" do mercado internacional pelas proteínas brasileiras marcou o ano de 2024. E é considerado pela ABPA e pela Abiec um dos motivos para esses resultados históricos. O efeito do sistema pré-listing — que permite que o Brasil certifique e habilite estabelecimentos previamente auditados para exportar para um país que aceite o acordo — é outro motivo.
No caso da carne bovina, o presidente da Abiec, Roberto Perosa, destaca a abertura de novos mercados e a consolidação dos já conquistados para a proteína.
— Foi um ano histórico para a indústria da carne bovina nacional, para o setor pecuário e para o Brasil. A contribuição decisiva para o saldo positivo da balança comercial é uma prova disso, e já vinha sendo esperada.
Além da China, que manteve sua liderança, com 1,33 milhão de toneladas exportadas, destacaram-se na lista destinos como os Estados Unidos, os Emirados Árabes Unidos, a União Europeia, o Chile e Hong Kong.
No caso da carne suína, foi a demanda das Filipinas o principal fator que puxou para cima os embarques. O apetite foi tanto (de 254,3 mil toneladas, crescimento de 102%) que o país desbancou a China, até então líder na importação da carne suína brasileira. É verdade, no entanto, que o gigante asiático tem reduzido suas compras, à medida que recupera o plantel de animais após a peste suína africana. Nos últimos cinco anos, segundo a ABPA, a importação chinesa do produto nacional caiu 38%.
Outros clientes que também ampliaram suas compras de carne suína brasileira foram Chile, Hong Kong, Japão e Singapura.
E com relação à carne de frango, o presidente da ABPA, Ricardo Santin, citou a demanda chinesa como um dos fatores para o crescimento de receita e embarques. Mesmo com queda de 17% nas exportações, o gigante asiático, que também recupera neste setor o plantel, desta vez, pela gripe aviária, fechou o ano com 562 mil toneladas brasileiras adquiridas. Na sequência, ficaram os Emirados Árabes, o Japão, a Arábia Saudita e a África do Sul.
— O saldo do ano também aponta novos patamares estabelecidos em médias de embarques, superando 440 mil toneladas mensais (na carne de frango) e mais de 10 mil toneladas (na carne suína) — acrescentou ainda o dirigente.