Há uma nova China surgindo no horizonte das exportações do Brasil de carne suína? Sim e não. Em agosto, as Filipinas foram, pelo segundo mês consecutivo, o principal destino da proteína brasileira, com 28 mil toneladas adquiridas, o que representa alta de 80% sobre igual mês do ano passado, conforme dados divulgados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A China ficou na segunda posição, com 16,3 mil toneladas, um recuo de 46% em igual comparação.
— A tendência é de que o Brasil, onde conseguir entrar, tenha uma participação maior, em função da condição que tem de produzir — avalia José Roberto Goulart, presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos do RS (Sips) sobre o desempenho.
Para os gaúchos, o percentual de crescimento dos embarques para as Filipinas é ainda maior. Em agosto, foram enviadas 7,27 mil toneladas, volume 5.153% maior do que as 138 toneladas de igual mês de 2023.
O país asiático é uma das conquistas gaúchas após a evolução do status sanitário para livre da aftosa se vacinação. No Brasil como um todo, um dos fatores impulsionador desse desempenho das Filipinas é o acordo anunciado em março deste ano do chamado pré-listing.
Na prática, autoriza as empresas habilitadas pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF) a solicitarem o processo de credenciamento para exportar seus produtos.
— As exportações brasileiras de carne suína ganharam novos players, com o crescimento do protagonismo das Filipinas e do Chile, com fortes elevações comparativas — reforça Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Sobre o espaço que as Filipinas podem ocupar como destino da carne suína do Brasil, Goulart observa:
— Para o volume que compram, e o Brasil tendo essa capacidade de vender, podendo indicar plantas (para exportar) sem a necessidade de missão, justifica uma exportação bem maior. E como o Brasil é muito competitivo, está pegando essa fatia de mercado.
Para dar conta do consumo anual de carne suína, os filipinos têm a necessidade de importar cerca de 500 mil toneladas/ano, o que dá uma média em torno de 40 mil toneladas por mês. É nesse espaço que o produto brasileiro tem entrado, em substituição a fornecedores como a Europa, que reduziu as vendas externas.
O apetite existe, e o Brasil está pronto para colocar o produto à mesa. A principal diferença das Filipinas em relação à China está na população. O primeiro tem 115,6 milhões de habitantes. O segundo, 1,4 bilhão.