Reativado no governo Lula, o Regime Especial da Indústria Química (Reiq) condicionou benefícios tributários a empresas do setor que implantarem novas plantas ou ampliarem capacidade instalada. Isso fará com que metade dos novos investimentos previstos para o setor químico nacional ocorram no Rio Grande do Sul.
No dia 17, uma cerimônia organizada pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) no polo petroquímico de Triunfo vai marcar a apresentação dos planos de Braskem, Innova, Grupo OCQ e Unipar. O encontro terá a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
O pré-anúncio de investimentos em petroquímica surpreendeu até especialistas do setor. José Luiz Zuñeda, sócio-fundador da Maxiquim, diz que não há previsão de fim do ciclo de baixa no setor, que vem afetando os resultados das empresas.
— Os sinais estão tão complexos com Trump assumindo o governo dos EUA que está difícil saber para que lado vai. Por outro lado, projetos na China estão atrasando, o que melhora um pouco os resultados. Mas não vejo nada que vá mudar para um ciclo de alta — avalia Zuñeda.
Os períodos da petroquímica costumam ser definidos pelo ritmo dos investimentos: depois de uma onda de expansão de capacidade, os preços caem devido à maior oferta e determinam um ciclo de baixa. Quando a nova produção é colocada no mercado e a demanda começa a ficar desatendida, entra o ciclo de alta.
A pandemia, o protecionismo e o custo da matéria-prima em cada país também têm um papel nessa equação. Zuñeda lembra que o Brasil não tem ondas de investimentos no setor há muito tempo, mas ainda assim não vê uma clara oportunidade de grandes aumentos de capacidade.
— Podem ocorrer ajustes, aumento na produção de eteno verde. Mas como não temos matéria-prima disponível, a única maneira de ter grande investimento seria com gás argentino — pondera Zuñeda, consciente de que essa solução ainda é uma miragem.
É bom lembrar que o programa, criado em 2013 para diminuir as alíquotas de PIS e Cofins, representa renúncia fiscal por parte do governo, como outros estímulos. O anúncio também é parte do esforço do governo federal para gerar uma "agenda positiva".
*Colaborou João Pedro Cecchini