Depois que o antecessor no comando da Braskem se despediu do cargo dizendo que ia "aproveitar o verão na Bahia", o novo CEO, Roberto Ramos, chegou chegando: trocou metade da diretoria atual.
Em comunicado ao mercado, a companhia informou uma radical "dança de cadeiras":
- Na diretoria financeira, sai Pedro van Langendonck Teixeira de Freitas, entra Felipe Montoro Jens
- Saem Edison Terra Filho, da Unidade Olefinas & Poliolefinas América do Sul, e Marcelo de Oliveira Cerqueira, da Manufatura Brasil e Operações Industriais Globais, para unificar a área com Stefan Lepecki.
- Sai Marcelo Arantes de Carvalho, de Pessoas e Comunicação, entra Andre Amaro da Silveira.
- Entra Geraldo Vilaça Netto como diretor executivo da área jurídica, que tem dado dores de cabeça à companhia em Alagoas.
Não é usual uma troca tão brusca de tantas cadeiras ao mesmo tempo. Quando isso ocorre, costuma sinalizar uma ruptura no formato de gestão. Ao jornal Valor Econômico, Ramos atribuiu a mudança radical a "sensação de urgência".
Uma das iniciativas do novo CEO para destravar a venda da Braskem, que é tentada desde 2018, é aumentar o uso de matéria-prima vegetal para produzir resinas plásticas. Essa trajetória foi iniciada no polo petroquímico de Triunfo, em unidade que teve ampliação entregue no ano passado, com investimento de R$ 400 milhões.
O imbróglio da Braskem
A Braskem está à venda desde 2018. A companhia é controlada pela Novonor (ex-Odebrecht), que entrou em crise depois da operação Lava-Jato.
A empresa privada tem 38,3% do capital total da Braskem e 50,1% das ações ordinárias, enquanto a Petrobras tem 36,1% do e 47% das ordinárias.
O primeiro ensaio de venda, em 2019, foi uma tentativa de evitar a recuperação judicial da então Odebrecht. Mas fracassou por falta de transparência na avaliação dos passivos provocado por danos relacionados à mineração de sal-gema em Maceió (AL). Não por acaso, o pedido de RJ veio 15 dias depois.
Desde então, a Braskem fez sucessivas reavaliações sobre suas despesas com indenizações a moradores, à prefeitura da capital alagoana e ao governo do Estado. Na mais recente atualização conhecida, o total atinge R$ 15,5 bilhões.