Dona da maior parte do polo petroquímico de Triunfo, a Braskem se prepara para mudar de comando. Roberto Bischoff vai deixar a posição de CEO no final deste mês, sucedido por Roberto Ramos, veterano da Novonor (ex-Odebrecht), atual controladora da Braskem.
Em apresentação de resultados do terceiro trimestre nesta quinta-feira (7), a última de Bischoff, o CEO disse ter "projeto imediato" longe do mundo corporativo:
— O que estou pensando é em ir para a Bahia, descansar um pouco e aproveitar esse verão. Tenho um projeto pessoal, uma empresa em que invisto e vou poder me dedicar um pouco mais agora. Mas o projeto imediato é o verão na Bahia, aproveitar bastante. Moro na Bahia e já tenho sido baiano de final de semana.
Segundo Bischoff, a troca de comando é "parte de um processo estruturado e alinhado de sucessão". Ramos é ex-CEO da Ocyan (antiga Odebrecht Óleo e Gás), onde fez a condução da venda da participação da Novonor.
No entanto, a troca causou surpresa até para quem acompanha as movimentações do setor petroquímico. O peso do CEO em processos de venda é relativo. A Braskem está à venda desde 2018.
A estatal de petróleo de Abu Dhabi, a Adnoc, havia oferecido R$ 10,5 bi pelo controle da companhia, mas desistiu. E, no mês passado, pagou US$ 13 bilhões pela Covestro, empresa alemã especializada na produção de polímeros.
A petroquímica, conforme Bischoff, vive "intenso ciclo de baixa". Teve prejuízo líquido de R$ 593 milhões no terceiro trimestre deste ano, queda de 75% sobre a perda líquida do mesmo período de 2023.
— Houve concentração de entrada de novas ofertas em um momento em que a demanda teve crescimento menor do que o esperado. A China, por políticas de governo, construiu mais capacidade do que precisava, mesmo tempo que não cresceu o que se esperava — disse o diretor financeiro da Braskem, Pedro Freitas.
O diretor financeiro considera como "fundamental" uma ação do governo em defesa da competitividade da indústria química brasileira. Em outubro, houve aumento da alíquota de importação, de 12,6% para 20%, para produtos produzidos pela Braskem no Brasil, como polietileno, polipropileno e PVC. A medida tem validade de um ano, mas Freitas diz haver "questão estrutural" que precisa ser resolvida "de maneira sistêmica".
*Colaborou João Pedro Cecchini