Maior produtora brasileira de aço, a Gerdau apresentou seus resultados do terceiro trimestre no mesmo dia em que da vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Isso fez com que o impacto do anunciado protecionismo do republicano virasse o tema principal da conversa com um grupo de jornalistas, entre os quais a coluna.
Conforme o diretor financeiro, Rafael Japur, a siderúrgica de raiz gaúcha só exporta "de forma esporádica" para o mercado americano, porque o grupo tem grande produção na América do Norte, tanto nos EUA quanto no Canadá.
A coluna quis saber se, com o provável aumento da barreira americana não haverá mais excedente de aço no mundo, e o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, confirmou:
— Se fecha mais nos EUA, é muito provável que mais aço venha ao Brasil. É fundamental que o governo federal seja célere agora, porque o mecanismo de defesa comercial mista, por meio de cotas, não tem trazido os resultados esperados e precisa ser reformado.
Em abril, o governo Lula havia anunciado um mecanismo para evitar o que o setor siderúrgico do Brasil vê como "invasão do aço chinês". Conforme Werneck, mesmo com mais demanda no mercado interno no terceiro trimestre, os volumes de venda seguem impactados com "entrada excessiva de aços longos e planos importados".
Na avaliação do executivo, haveria necessidade de elevação na sobretaxa de 25% para 35% sobre o que excede a cota estipulada pelo governo. Werneck observou que apenas 15 tipos de aço estão incluídos no mecanismo, e seria preciso que outros fossem objeto de proteção. E disse, ainda, que o setor tem "sido surpreendido" por forte ingresso de aço via Zona Franca de Manaus.
Entre julho e setembro, a Gerdau investiu R$ 1,5 bilhão, dos quais 39% em manutenção e 61% em projetos para ganhos de competitividade, expansão e atualização tecnológica. Cerca de R$ 200 milhões desse total foram destinados à atualização e melhoria de controles ambientais, atualização tecnológica para aumentar a eficiência energética e redução de emissões de gases de efeito estufa.