Em seu antecipado discurso de vitória, Donald Trump deixou claro que, se houve bravatas na campanha, o protecionismo não está entre elas. Repetiu "America first" (EUA primeiro) duas vezes.
Exportadores já tentam fazer contas do impacto de mais barreiras ao comércio com os Estados Unidos. Os segmentos que mais vendem aos americanos devem também sentir o maior efeito.
Por incrível que pareça - graças ao óleo de xisto, os EUA se tornaram o maior produtor mundial - o petróleo foi o mais vendido aos americanos de janeiro a junho. Dobrou valor e volume exportados ante igual período de 2023 e ajudou o combustível fóssil a passar o farelo de soja como principal produto de exportação do Brasil em geral nos sete primeiros meses do ano, com aumento de 26% em volume, conforme informou o gaúcho Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), citado pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard (confira aqui).
O segundo item na pauta de exportações aos EUA já viu esse filme: produtos semi-acabados de ferro e aço foram alvo do protecionismo de Trump em 2018. Os clientes americanos já vinham até reduzindo as compras, ao redor de 30%, tanto em valor quanto em volume.
O terceiro é ainda mais delicado, por envolver um produto que pode ser considerado estratégico, aeronaves e suas partes. As exportações vinham subindo ao redor de 10%, também nas duas formas de medição.
O quarto é interessante: o Brasil havia triplicado a venda de óleo combustível aos EUA no primeiro semestre ante o mesmo período de 2023. Não é gasolina e diesel, os mais elaborados, mas já envolve passagem por refino. Como o quinto tem baixa elaboração - ferro-gusa -, pode até ser menos afetado, mas não há garantia.