Criada em 1995, quando ainda não havia mercado de cervejas artesanais no Brasil, a Dado Bier vai encerrar em dezembro a unidade no Bourbon Country, onde manteve operação gastronômica por 22 anos, mais recentemente com o Food Hall.
— Tenho certa frustração com esse desfecho. Mas pessoas e negócios se aproximam nas convergências e se afastam nas divergências — disse o empresário à coluna.
As mudanças nos negócios que levam o apelido de Eduardo Bier Correa vão além: a marca de cerveja deixará de ter fabricação própria. Ele já negociou o direito de produção no Uruguai – onde a marca é popular – para a empresa Las Acacias, comprada pela M.Dias Branco, também dona da Isabela no RS. E fez uma espécie de leilão para produtores no RS e em SC interessados em produzir a marca, que deve ter resultado nas próximas semanas.
Como decidiu não produzir mais cerveja, Dado desistiu da fábrica milionária em Três Cachoeiras. O terreno, comprado no mercado, sem qualquer participação da prefeitura, deve ser revendido.
A separação do shopping que abrigou a marca por mais de duas décadas começou no final do ano passado: o Bourbon assumiu a estrutura física, e a Dado Bier ficou com a curadoria, a ativação, e a produção de cervejas artesanais.
— É preciso dar créditos à Manuela (Bertaso, filha do empresário). Ela fez toda a concepção do Food Hall. Participei, mas ela liderou. E fez a gestão na pandemia, tem muito mérito.
É um final não exatamente feliz? Calma. Há um novo projeto na linha de gastronomia e entretenimento em discussão com a marca Dado Bier, sobre o qual o empresário brinca:
— Preciso ver quanta energia a Manu quer colocar, porque ela está indo muito bem com o Suspeito (produção de vinhos com blends exclusivos, um espumante, um branco, um rosê e um tinto). É tão bom que eu queria muito, mas ela não me deixou entrar.
Dado não esconde a decepção com o fim de um projeto, mas na tarde de quarta-feira (6), quando conversou com a coluna, também realizava um sonho: estavam chegando os primeiros carros da chinesa Neta, que vai revender na Nilo Peçanha, ao lado da Casco, empresa que blinda e revende veículos novos e seminovos da qual o empresário já é sócio. A empresa, afirma, é mais uma empresa de tecnologia do que uma montadora.
— Queria muito entrar nessa área, usei meus contatos, bati em todas as portas até que alguém resolveu acreditar em mim — relata, não sem certa autoironia.
O sonho, conta, nasceu com seu primeiro negócio, a General Store, primeira loja de conveniência de Porto Alegre, que funcionava em um posto Shell e tinha a maior venda por metro quadrado do Brasil.
— Sempre quis ser um dealer — confessa, referindo-se à expressão em inglês que define revendedores de carros. Quero abrir mais revenda no Estado, por isso terei muito empenho.
*Colaborou João Pedro Cecchini