Enquanto não se define a venda da Braskem, uma das unidades da companhia no polo petroquímico de Triunfo deu a partida em uma ampliação de cerca de R$ 400 milhões.
O investimento, como a coluna antecipou, foi no aumento da capacidade da plantas de eteno verde que, em bom português, substitui um derivado de petróleo, a nafta, por etanol de cana-de-açúcar.
As obras foram concluídas em junho, e a planta já opera com capacidade aumentada, de 200 mil para 260 mil toneladas por ano. Como boa parte da demanda pela resina vem do mercado externo, a Braskem passou a chamar o material de "eteno bio-based". Conforme a empresa, é um avanço importante na ambição de aumentar a produção de biopolímeros para um milhão de toneladas até 2030 e se tornar neutra em carbono até 2050.
Walmir Soller, vice-presidente de Olefinas e Poliolefinas da Braskem para Europa e Ásia, destaca o sucesso da estratégia adota há 13 anos, quando a companhia lançou a primeira produção mundial de polietileno bio-based em escala industrial, com tecnologia própria, nessa unidade que agora foi ampliada:
— Queremos atender a demanda da sociedade e dos nossos clientes por produtos com menor impacto ao ambiente.
Cada tonelada de resina plástica produzida com matéria-prima renovável representa a remoção de 3 toneladas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Desde 2010, produziu cerca de 1,2 milhão de toneladas de polietileno verde. O recente aumento da capacidade de produção irá remover cerca de 185 mil toneladas de CO2 equivalente por ano.
As resinas de origem renovável, com a marca I'm Green, são exportadas para cerca de 30 países e utilizadas por 250 marcas, como Allbirds, DUO UK, Boticário, Johnson&Johnson, Natura & Co, Nissin e Tetra Pak, em embalagens, bolsas, brinquedos, utilidades domésticas, cabos e fios industriais, filmes para embalagens e garrafas de água reutilizáveis, entre outros produtos.
Como assim, plástico de cana-de-açúcar?
Os plásticos são produzidos a partir de um derivado de petróleo chamado nafta. No caso do eteno verde, esse produto fóssil é substituído por etanol produzido com cana-de-acúcar. Além de substituir matéria-prima fóssil por renovável, a mudança permite a captura de CO2 natural dos vegetais, a famosa fotossíntese. O processo é feito em duas fases: a primeira é a produção de eteno (ou etileno) verde, a partir da quebra das moléculas do etanol, e a segunda é a transformação em polietileno verde, por meio de mudanças de temperatura e pressão. É esse polietileno verde que é vendido pela Braskem para a produção de embalagens e produtos plásticos.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo