O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Na segunda-feira (10), a Petrobras solicitou acesso virtual ao data room da Braskem. O ato está previsto no acordo de acionistas e garante a estatal petrolífera (que detém 36% do capital da empresa) a preferência na compra da fatia majoritária pertencente à Novonor (antes, Odebrecht) e que já recebeu propostas, mas não selou negócios.
A Braskem é dona de quase todo o polo petroquímico gaúcho, e está à venda, mas apesar de ter recebido propostas ainda não fechou negócio. Como já era esperado, o passo à frente dado pela Petrobras serviu para movimentar as demais tratativas.
Após o fechamento da bolsa, na quarta-feira (12), um comunicado informou ao mercado que holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista – controladora da JBS, Eldorado Celulose e Banco Original, entre outros – ofereceu R$ 10 bilhões pela totalidade dos direitos creditórios da Novonor, que enfrenta um processo de recuperação judicial.
A proposta, válida por 120 dias soma-se a outras investidas já realizadas. Uma delas, foi formalizada no mês passado pela Unipar pelos mesmos R$ 10 bilhões oferecidos pela J&F.
Em ambos os casos, trata-se de empresas nacionais, mas há outro elemento que ainda não colocou as cartas sobre a mesa. É o que antevê o diretor da consultoria do setor petroquímico Maxiquim, João Luiz Zuñeda ao lembrar que fundo Apollo e a Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc) fizeram proposta não vinculante de compra da Braskem estimada em R$ 27 bilhões.
A gestora de investimentos americana aliada com a petrolífera dos Emirados Árabes chegou a se reunir com a Petrobras no início do mês passado. Com base nos cenários, Zuñeda acredita que movimentação similar possa ocorrer, o que considera positivo para o fortalecimento do setor petroquímico nacional.
Segundo ele que disse acreditar, inicialmente, em um sócio nacional para a Braskem, agora, a possibilidade de trazer uma grande petrolífera internacional dentro de um modelo de gestão em que a Petrobras redimensiona para cima o seu interesse no setor petroquímico poderia ser i fator responsável por inaugurar uma nova fase, mais arrojada, para o segmento no país.
Os candidatos
- Unipar
Segunda maior produtora de PVC do Brasil, atrás da Braskem, ofereceu R$ 10 bilhões no dia 9 de junho pela fatia da Novonor. O grupo tem 77 anos, unidade no polo da Braskem do ABC paulista e presença na origem do polo de Triunfo. - J&F
É holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista que, além da JBS, controla Eldorado Celulose e Banco Original, entre outros negócios. Fez negociações - até onde se sabe, comandadas pessoalmente por Joesley (com a gestão anterior), assessorado por um ex-presidente da Braskem, Carlos Fadigas - formalizou uma proposta de R$ 10 bilhões na quarta-feira (12). - Apollo e Adnoc
Fizeram uma proposta não vinculante de compra da Braskem estimada no mercado em R$ 27 bilhões. A gestora de investimentos americana aliou-se à empresa de petróleo de Abu Dhabi para ter não só reforço financeiro mas também um operador técnico confiável. - Petrobras
O atual presidente, Jean Paul Prates, tem explicitado interesse em não apenas manter, mas aumentar, investimentos em petroquímica. A estatal já possui fatia de 36% de na Braskem. Até agora, as intenções são barradas por falta de previsão do plano estratégico, que não prevê aportes nesse segmento, mas o plano deverá corrigir os rumos. Um dos indícios aconteceu na segunda-feira (10), quando a estatal entrou no jogo pela aquisição da fatia majoritária da Braskem