O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
O comunicado da Petrobas, após fechamento do mercado na segunda-feira (10), reativou as movimentações que envolvem a venda da participação majoritária na Braskem, que pertence a Novonor (antiga Odebrecht). Os rumores no entorno da companhia se arrastam desde 2019, quando houve a primeira de uma série de propostas pela compra de parte dos 50,1% de participação da atual controladora.
A Petrobras contabiliza 47% o capital votante e 36,1% do total. Ao solicitar oficialmente o acesso virtual ao data room, a estatal deu início ao processo de due diligence (avaliação), conforme as regras previstas no acordo de acionistas para eventual exercício do direito de preferência, na hipótese de alienação das ações detidas pela Novonor S.A. na companhia.
Em outras palavras, isso significa que a estatal entra na briga, mais diretamente, com a Unipar (segunda maior produtora de PVC do Brasil, atrás da Braskem que apresentou proposta pelos ativos), a Apollo e Adnoc (gestora de investimentos americana e a empresa de petróleo de Abu Dhabi, que também demostraram interesse estimado em R$ 27 bilhões pelo mercado) e a J&F (holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista que, além da JBS, controla Eldorado Celulose e Banco Original, entre outros negócios).
Os candidatos
Apollo e Adnoc: fizeram uma proposta não vinculante de compra da Braskem estimada no mercado em R$ 27 bilhões. A gestora de investimentos americana aliou-se à empresa de petróleo de Abu Dhabi para ter não só reforço financeiro mas também um operador técnico confiável.
Unipar: segunda maior produtora de PVC do Brasil, atrás da Braskem, ofereceu um valor estimado em R$ 10 bilhões só pela fatia da Novonor. O grupo tem 77 anos, unidade no polo da Braskem do ABC paulista e presença na origem do polo de Triunfo.
J&F: é a holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista que, além da JBS, controla Eldorado Celulose e Banco Original, entre outros negócios. Fez negociações - até onde se sabe, comandadas pessoalmente por Joesley (com a gestão anterior), assessorado por um ex-presidente da Braskem, Carlos Fadigas - sem formalizar proposta até agora.
Petrobras: seu atual presidente, Jean Paul Prates, tem explicitado interesse em não apenas manter, mas aumentar, investimentos em petroquímica. Até agora, é impedido pela previsão do plano estratégico, que não prevê aportes nesse segmento. Prates já afirmou que vai ajustar esse plano até o final deste mês, e revisar até o final do ano.