No calendário, a divulgação do balanço da Braskem estava prevista para esta terça-feira (9) há meses, mas a evolução das tratativas fez com que fosse o dia seguinte ao da confirmação da controladora sobre o recebimento de uma oferta de compra da companhia petroquímica.
Ao responder pergunta da coluna, o CEO, Roberto Bischoff afirmou que o compromisso de venda da Braskem assumido pela Novonor (ex-Odebrecht) ao dar ações em garantia é "transparente e entendida por todos":
— Todos convivemos de forma madura, entendendo o que isso representa, é vida normal. Estamos focados no compromisso de agregar valor à companhia, especialmente nesse momento desafiador (ciclo global de baixa, sem relação com as negociações de venda). É uma agenda madura, aberta. Todos conversamos sem nenhum problema.
Bischoff destacou a melhoria dos resultados da Braskem no primeiro trimestre de 2023. O ebitda (lucro operacional) de R$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre de 2023 e lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 184 milhões. O uso da capacidade, porém, segue baixo para os padrões do segmento, de 77,5% em média. Apesar de ter crescido 5 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior (72%), está 9 p.p. abaixo de igual período de 2022 (86%). A companhia não informa dados de unidades específicas.
A coluna também quis saber como a Braskem avalia a ameaça representada pela importação de resinas na Zona Franca de Manaus e se estavam corretos os dados sobre a queda de arrecadação informados a interlocutores. A resposta foi que a queda na arrecadação é resultado de duas variáveis: do nível de utilização e dos preços das resinas e dos produtos acabados.
Edison Terra, vice-presidente de olefinas, afirmou os benefícios fiscais da Zona Franca têm criado "competição artificial" em alguns segmentos e aumentado o número de transformadoras em Manaus e arredores. Mas afirmou que "não impactaria uma decisão de parada da planta de Triunfo" - como interlocutores chegaram a relatar à coluna. Bischoff adiantou que a Braskem está em busca de "sinergias regionais", ou seja, de redução de custos de seu parque industrial, o que abre perspectiva de algum ajuste nas atuais instalações.
A direção admitiu que, comparando com o mesmo período do ano anterior, a Braskem operou de janeiro a março com carga menor, por redução de spreads (diferença entre preço do produto e das principais matérias-primas, que se reflete nas margens de lucro). Como os parques petroquímicos estão desenhados para operar com as maiores taxas de utilização possíveis, é nesse momento que são mais eficientes. Taxas na faixa de 70%, conforme os executivos, não têm a mesma eficiência.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo