O mais novo candidato à compra da Braskem esteve na origem do polo petroquímico do Rio Grande do Sul. A Unipar era uma das sócias da empresa chamada Poliolefinas, que participou da primeira versão do complexo de Triunfo, ainda em 1975.
Como todos os polos do país, a organização desses conglomerados de matérias-primas plásticas tinham a mesma fórmula chamada tripartite: uma estatal, subsidiária da Petrobras, chamada Petroquisa, grupos nacionais privados e estrangeiros com expertise no segmento.
Em 1946, foi criada a refinaria e exploração de petróleo União, o embrião da Unipar. Em 1954, foi inaugurada a Refinaria União, apenas três anos antes da decretação do monopólio de refino da Petrobras no setor. A saída foi apostar em atividades complementares, como a petroquímica. em 1972, foi criado o primeiro polo petroquímico do país, em São Paulo, com participação da família Soares Sampaio, que controlava a Unipar, o Grupo Moreira Salles (leia-se Unibanco) e International Finance Corporation (IFC, parte operacional do Banco Mundial).
Essa memória ainda existe entre os sucessores de Alberto Soares Sampaio. Comentam, com interlocutores, que o polo de Triunfo é "o melhor de todos", não só por ser o mais recente, do ponto de vista histórico, mas também por ter escala, uma segunda geração - etapa em que são produzidas as resinas, que serão empregadas nas fábricas de plásticos, a terceira geração.
Outra característica destacada por integrantes do atual comando da Unipar é o fato de o polo gaúcho ser “verde”. Além de produzir uma resina feita a partir de etanol, em vez de petróleo - o que dá lugar de destaque na transição para uma economia menos dependente de fósseis -, as instalações em Triunfo são cercadas de vegetação.
Os candidatos à compra da Braskem
Unipar: é a segunda maior produtora de PVC do Brasil - atrás exatamente da Braskem. Isso significa que uma eventual compra obrigaria a se desfazer de unidades produtoras dessa resina. O grupo tem unidade no polo da Braskem do ABC paulista. Assim como a J&F, a Unipar é uma empresa com origem familiar, fundada por Alberto Soares de Sampaio e comandada até poucos anos pelo genro Paulo Geyer. Frank Geyer Abubakir, neto de Paulo, detém o controle societário da empresa. O presidente do conselho é Bruno Uchino.
Apollo e Adnoc: fizeram uma proposta não vinculante de compra da Braskem estimada no mercado em R$ 27 bilhões. A gestora de investimentos americana aliou-se à empresa de petróleo de Abu Dhabi para ter não só reforço financeiro mas também um operador técnico confiável.
J&F: é a holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista que, além da JBS, controla Eldorado Celulose e Banco Original, entre outros negócios. Circula no mercado de que Joesley comanda pessoalmente negociações para a aquisição da Braskem, em modelo que também contemplaria a hipótese de permanência da Petrobras, e manutenção de pequena participação da Novonor, que ficaria como operadora do negócio.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo