Ainda existe muita água por rolar até o final da safra de verão do Rio Grande do Sul, que traz uma perspectiva de retomada, após uma sequência de perdas. Há pontos do Estado, no entanto, em que a ausência ou o pouco volume das precipitações não passarão em branco. Em áreas de municípios das Missões, a baixa umidade perdura desde dezembro e provoca impacto em plantações de milho, sobretudo de sequeiro (sem irrigação).
— Tem municípios que no dia 8 (quarta-feira) completarão 30 dias em que a chuva não foi significativa, não passou de 25 milímetros — observa Joney Braun, supervisor microrregional do escritório regional de Santa Rosa da Emater.
Nos 45 municípios que compõem a regional, a colheita de milho alcançou 15% da área cultivada — o local é um dos primeiros a plantar no Estado. Nessas primeiras lavouras, os técnicos relatam produtividade entre 120 e 150 sacas por hectare, em geral, na média.
A preocupação (e os danos concretizados) vem das plantações que passaram por esse momento de chuva escassa justamente no período em que a umidade não pode faltar, que é o de floração e enchimento de grão.
— O milho, quando foi implantado, tinha um potencial produtivo muito elevado. Temos um cenário de perda, que não é tão significativo neste momento — avalia Braun.
O impacto também varia com a localização da lavoura dentro do município e conforme o solo e a variedade semeada, acrescenta o supervisor da Emater. Há ainda a preocupação com a soja, diante da perspectiva da continuidade de baixas precipitações.
Na área de atuação da Coopatrigo, 60% das lavouras de milho cultivadas pelos associados conta com irrigação. A ferramenta é considerada crucial em tempos mais secos. Onde há sistema, a redução (em relação ao que se esperava no início do ciclo) é estimada em 10%. Em áreas de sequeiro, o percentual sobe para 30%. A maior apreensão vem dos prognósticos para a chuva em janeiro e inclui a soja (embora o período mais crítico ainda esteja mais pela frente, na maior parte da cultura).
— Eu diria que temos um alerta laranja, porque a previsão (de tempo) é muito ruim. Se tivéssemos previsões de chuva nos próximos 10 dias, seria diferente — avalia Paulo Pires, presidente da cooperativa e da Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (Fecoagro-RS).
Luis Fernando Pires, assessor da presidência da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), que é produtor nas Missões, faz coro à apreensão trazida com a previsão de que não deve chover na região.
— No milho, o pessoal que não tem irrigação está colhendo, mas com muito baixo potencial — acrescenta Luis Fernando.