Com fases de desenvolvimento importantes pela frente, a safra de verão do Rio Grande do Sul pode mudar de configuração até o final da colheita. Neste momento, se divide em dois tempos: o dos prejuízos consolidados, em lavouras sem chance de recuperação, e o da perspectiva de bom desenvolvimento. Relatório da Emater pontuou que a chuva das últimas semanas atenuou as condições do milho. E permitiu a continuidade do plantio de soja, praticamente concluído – alcançou 99% da área estimada.
– Deu uma revigorada do Natal para cá. De forma geral, houve boa recuperação, mas há pontos com enormes dificuldades – pondera Alencar Rugeri, diretor-técnico da Emater.
Os problemas, acrescenta, concentram-se em municípios do Vale do Rio Pardo, da chamada Serra do Sudeste e do Litoral Sul, com volumes inferiores a cinco milímetros. Na maioria das áreas, a média ficou entre 15 e 30 milímetros, com pontos onde se chegou a até 50 milímetros – Campanha, Fronteira Oeste e Serra do Nordeste. Rugeri diz que o quadro no Estado é de distribuição irregular da chuva e pontos com problemas.
Para Ricardo Meneghetti, presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado, as precipitações "estabilizaram o quadro de perdas":
– A chuva de agora está mantendo as folhas do milho verde. A dificuldade é avaliar o quanto de polinização, que foi prejudicada, houve na espiga.
Há locais com perspectivas de boa colheita. Mesmo assim, ele entende que a cultura não escapará da quebra – que poderá ficar entre 35% e 40%. Reflexo dos danos das lavouras semeadas mais cedo, consolidados pelo tempo seco na primavera.
Na soja, Décio Teixeira, presidente da Aprosoja-RS, avalia que a chuva "melhorou bastante" as condições:
– Ainda tem perdas no que foi plantado no cedo. Nas demais, estão bem estabelecidas.
Na região de Rio Pardo, a situação é considerada crítica e houve reunião na última semana.
– Além de atingir a agricultura, começa a afetar a pecuária – relata Edson Brum, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária da Assembleia.