Durou pouco a retomada de linhas do Plano Safra operadas pelo BNDES. Em seis de nove financiamentos reabertos após período de suspensão em razão do comprometimento de recursos, o valor disponível esgotou-se em dois dias (abriu na segunda-feira, dia 4, terminou na quarta-feira, dia 6).
A relação inclui crédito para Moderfrota, Inovagro, Moderargro, Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), Prodecoop e Pronaf Investimentos (com taxa de juro de 4%).
– Os programas que sobraram não tiveram procura acelerada. Ainda assim, estamos falando de valores muito pequenos – afirma Tiago Luiz Peroba, chefe do Departamento de Clientes e Relacionamento Institucional da Área de Operações e Canais Digitais do BNDES.
O esgotamento da verba antes do término do Plano Safra vigente não é inédito. Mas o período em que isso aconteceu, sim. O presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), Claudio Bier, lembra que a escassez costumava ficar evidente no período da Expodireto-Cotrijal, feira que é realizada no Norte, em Não-Me-Toque, em março.
No ciclo 2020/2021, a suspensão veio em novembro, quatro meses depois do início da liberação dos empréstimos.
– Tivemos a questão cambial favorável às exportações. O produtor aproveita “a boa onda” porque sabe que terá retorno. Além disso, a demanda represada e a produção favorável são fatores que levaram à essa procura – avalia Peroba.
A reclamação não é maior porque uma linha criada pelo banco tem sido acessada para dar conta do apetite por financiamentos. O BNDES Crédito Rural foi lançado em março do ano passado e, até dezembro, somava R$ 1,6 bilhão liberados, dos quais R$ 330 milhões só no último mês, o que é visto pela instituição como uma demonstração de que a busca tem crescido. Segundo o chefe do Departamento de Clientes e Relacionamento Institucional da Área de Operações e Canais Digitais, o objetivo é ser complementar às linhas já existentes. Com a diferença de não ter “limite” estipulado, porque é constituída de recursos sem a necessidade de equalização do governo.
Embora o juro seja maior em relação às linhas do Plano Safra, o prazo para pagamento é maior e há dois anos de carência.
– O produtor vai começar a pagar quando já tiver colhido duas safras. Isso animou o pessoal. E essa verba tem – reconhece Bier.
Vendas de máquinas em alta
O bom desempenho da indústria de máquinas e implementos agrícolas confirmado pelos números de 2020 deve se repetir neste ano. Pelo menos essa é a projeção da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Balanço divulgado na sexta-feira aponta crescimento de 7,3% com a venda de 47,1 mil unidades no ano passado. Só em dezembro houve crescimento de 49,8% na quantidade comercializada, ante igual mês de 2019.
Para 2021, a perspectiva é de nova expansão, de 5%. Para Claudio Bier, presidente do Simers, além do bom momento do setor, que segue, a estimativa positiva também reflete a normalização gradual do cenário de falta peças e outros componentes de 2020.