Depois da frustração que marcou a largada da safra de verão no Rio Grande do Sul, o momento é de otimismo, com a possibilidade de novas marcas na colheita da soja. A diferença entre um período e outro está relacionada, claro, ao tempo. Com o mês de janeiro tendo um papel importante para as estimativas positivas de colheita. Relatório do Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga) mostra que a chuva ficou acima da média no Estado no último mês. A precipitação acumulada foi superior a cem milímetros na maioria das regiões.
Na Campanha, o volume foi ainda maior, ficando entre cem e 200 milímetros acima do normal para o período. Isso fez com que a soja, carro-chefe da estação, tivesse um bom desenvolvimento. O cenário também permitiu, conforme análise da meteorologista Jossana Cera, melhora dos níveis de reservatórios e rios.
— No começo sem chuva, a soja teve uma reação no mês de janeiro. Temos um indicador bem favorável para que se tenha uma safra muito boa — observa Alencar Rugeri, diretor técnico da Emater.
Diante da melhora do quadro, estimativas apontam que o Estado poderá romper nova barreira numérica, com colheita do grão superior a 20 milhões de toneladas.
A Emater apresentará os dados consolidados da safra ainda em março — a divulgação costuma ser na Expodireto-Cotrijal, neste ano cancelada. Deve ficar para a segunda quinzena, uma vez que houve atraso no plantio, empurrando o ciclo todo um pouco mais à frente.
Em fevereiro, a perspectiva era de volumes abaixo da média, mas na primeira quinzena do mês as precipitações tiveram maior frequência. Boletim integrado agrometeorológico da Secretaria da Agricultura projeta chuva irregular no intervalo de ontem até o dia 24.
Com mais da metade das lavouras na fase de enchimento de grão e maturação, este é o momento em que a umidade não pode faltar.
— Estamos em período de grande vulnerabilidade — pondera Rugeri.
As lavouras de milho em desenvolvimento também apresentam um bom quadro que, infelizmente, não apaga as perdas das plantações do cedo, com prejuízos consolidados pela primavera seca.
O fenômeno La Niña começa a perder a força. Mas para o próximo trimestre, os modelos de previsão seguem indicando chuva abaixo da média.