Depois de batalhas nos tribunais americanos relacionadas ao uso do glifosato, outro herbicida é alvo de questionamento judicial. É o dicamba, que em decisão tomada nesta semana teve o registro suspenso nos Estados Unidos. A medida vale para todas as empresas que usam o princípio ativo em sua formulação, caso da Bayer, da Basf e da Corteva. O processo foi movido por organizações ambientais que questionam o registro concedido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), há dois anos, e com validade até o fim de 2020.
Em nota, a Bayer diz discordar “totalmente da decisão” e avalia os recursos possíveis. A companhia pontua ainda que a decisão vale apenas para esse registro e que já protocolou o pedido para a safra de 2021, que espera obter até o final deste ano. A empresa também tem respondido a ações sobre o glifosato, desenvolvido pela americana Monsanto, adquirida pela multinacional alemã.
A Corteva afirmou está revendo a decisão do tribunal e que vê o dicamba como ferramenta importante para o controle de ervas daninhas, sendo segura “quando aplicada de acordo com as instruções descritas na bula”. Posição semelhante à da Basf, que avalia haver “impacto negativo aos agricultores norte-americanos que já compraram sementes e produtos tolerantes ao dicamba para esta safra”.
Embora restrita ao território americano, a decisão do Tribunal de Apelações do Nono Circuito dos Estados Unidos deve ampliar o debate no Brasil. No país, ainda não entrou em circuito comercial. É que somente a terceira geração de soja transgênica, a Intacta 2 Xtend é tolerante ao uso do produto, as anteriores, não. No momento, a nova tecnologia ainda está em fase de teste – a previsão é que entre no mercado na safra 2021/2022.
O herbicida é questionado inclusive pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). O presidente Bartolomeu Braz Pereira conta que a entidade realizou missão técnica aos Estados Unidos. Lá, foi alvo de polêmica por conta de casos de deriva – acaba “viajando” com o vento na direção de lavouras onde não foi aplicado.
No Rio Grande do Sul, a deriva é um tema sensível em razão das perdas provocadas por outro herbicida , o 2,4-D, que tem provocado perdas sucessivas nas safras de outras culturas que não a da soja, onde é aplicado.
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