Ao reunir pela primeira vez o novo time da Bayer, após a integração com a Monsanto, a multinacional alemã colocou em discussão o futuro da produção no mundo. Além de apontar tendências, os executivos também falaram sobre tópicos que têm gerado discussão, como o uso do glifosato e a proposta de modificação das regras para o registro de agrotóxicos, em curso no Congresso.
Liam Condon, líder da divisão agrícola da marca (Crop Science), afirma que o processo para a liberação de novos químicos no Brasil é moroso, sem que se tenha, com isso, benefícios:
— No Brasil, mesmo depois de muitos testes realizados, ainda demora muito tempo para aprovação. Qualquer produto que está no mercado é completamente seguro — afirma.
O executivo acrescenta que há demora na avaliação feita pelos órgãos reguladores — no caso do Brasil, é preciso passar hoje por avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ibama e Ministério da Agricultura — mesmo após a aprovação em outros países.
— Se as pessoas não confiam no produto, não confiam nas autoridades reguladoras — avalia Condon.
Outro ponto sensível para a companha é a recente decisão da Justiça americana que determinou a indenização de US$ 289 milhões a um jardineiro que fez uso do glifosato. O produto, amplamente utilizado no mundo todo, também foi alvo de ação no Brasil, onde a Justiça Federal chegou a determinar a suspensão do registro, decisão posteriormente revertida.
O embate judicial causou apreensão aos produtores, que estavam às vésperas do plantio da safra de verão, sendo que mais de 90% das lavouras de soja, utilizam o herbicida. Apesar do acalorado debate criado a partir das duas decisões distintas, o executivo ressalta que não hão “houve qualquer tipo de alteração na regulação do uso”.
A compra da Monsanto pela Bayer foi anunciada em 2016. Durante dois anos, o negócio foi submetido à avaliação das autoridades econômicas de diferentes países. Em junho deste ano, o processo de compra foi concluído. E depois de realizar os desinvestimentos determinados (venda de ativos para a Basf), deu início à integração das operações das duas marcas no mês passado.
O Brasil é considerado peça importante para a empresa. No país, a divisão agrícola representará 80% do faturamento total, de R$ 15 bilhões ao ano.
— A Bayer e a Monsanto eram muito complementares na América Latina — completa Rodrigo Santos, responsável pela divisão agrícola na região, que era presidente da Monsanto no Brasil antes da aquisição.