A 26ª edição da Agrishow começa nesta segunda-feira (29) em Ribeirão Preto (SP) com um reencontro que promete. O presidente Jair Bolsonaro confirmou presença na cerimônia de abertura da feira, uma das mais importantes do agronegócio do país. No ano passado, ele esteve no evento, mas na condição de postulante ao Planalto.
Na ocasião, a exemplo do que viria a acontecer meses mais tarde na Expointer, no Rio Grande do Sul, causou furor entre os visitantes, que se acotovelavam para selfies, aplaudiam e gritavam "mito, mito". Faixas colocadas no entorno com dizeres como "Somos todos mito" escancaravam o apoio do segmento ao então presidenciável. Respaldo, aliás, que encontrou muito antes dos demais setores.
Agora, Bolsonaro vai na condição de eleito, o que faz crescer as expectativas do que possa trazer consigo na passagem pela feira. O segmento segue dando sustentação a ele e partilhando de muitas das ideias propostas pela equipe do Planalto, da necessidade da Reforma da Previdência ao tão propagado liberalismo econômico.
Mas o setor primário também tem demandas pontuais e imediatas. Uma delas diretamente relacionada à feira. A linha Moderfrota, principal ferramenta de financiamento de máquinas e implementos agrícolas está sem recurso desde 11 de abril. Isso é um problemão para um evento que tem a tecnologia como carro-chefe dos negócios. Mais ainda porque, quando a Agrishow acabar, restarão dois meses até o final do atual Plano Safra. Período em que, salvo aportes extras, não seria mais possível fazer investimentos com as condições do Moderfrota, com juro controlado de 7,5% ao ano.
Seria um período de estagnação tanto para quem compra quanto para quem vende, o que não é nada positivo. Principalmente porque o agronegócio continua sendo um pilar de sustentação da economia brasileira.
Representantes de entidades ligadas à indústria vêm trabalhando diretamente com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, buscando a suplementação de recursos, para que a roda das vendas continue a girar até a chegada do novo Plano Safra, que deve ser anunciado no mês de maio. O problema não está no relacionamento. Está no caixa da União e da necessidade recorrentes de contingenciamentos.
Os organizadores do evento se mantém otimistas. Primeiro, porque os bancos prometem levar para Ribeirão Preto condições semelhantes às do Moderfrota. Segundo, porque mantêm a expectativa de que venham os reforços desejados. Para o presidente da feira, Francisco Matturro, a presença de Bolsonaro reflete a importância atribuída ao setor:
— Significa que ele está mesmo junto ao agro.