A opção pela compra de máquinas e implementos agrícolas com recursos próprios vem ganhando espaço. Prova disso é do resultado da 20ª Expodireto-Cotrijal. O volume de aquisições com dinheiro dos produtores, sem necessidade de recorrer aos financiamentos, cresceu 38% em relação ao ano passado, bem acima dos 13% dos bancos. A parcela ainda é pequena se comparada às instituições tradicionais – foram R$ 235 milhões, ante R$ 1,55 bilhão. Mas o avanço na preferência pelo pagamento com grana própria chama a atenção.
Presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), Claudio Bier aponta duas razões. A primeira é a incerteza sobre o juro do pedido encaminhado. Como é sabido que o montante do Moderfrota, voltado a investimentos, é limitado, há preocupação de que, na hora de fechar o negócio, as condições sejam diferentes.
Outra explicação é a capitalização do produtor, em especial o de soja.
Presidente da feira, Nei César Mânica vê ainda os sinais de melhora na economia e a expectativa positiva em relação ao governo como fatores para maior desembolso dos agricultores.
Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, entende que esse resultado mostra, também, que o comprador passou a fazer contas:
– Estão fazendo investimentos de forma criteriosa, usando mais a cabeça e menos o coração. As pessoas estão criando consciência de que o juro anunciado não é bem aquele e que a máquina acaba ficando mais cara do que esperava.
Seja qual for a forma escolhida, o economista recomenda alguns cuidados. O primeiro é que a aquisição seja adequada à escala e à necessidade da propriedade. Outra dica é prestar a atenção no juro real e não apenas no nominal. Caso a opção seja pelo dinheiro próprio, é importante que o produtor esteja “capitalizado o suficiente para não usar capital de giro”.
– Se essas posturas forem adotadas, veremos o número de encaminhamento de negócios nas feiras aumentarem – opina Luz.