Com peso importante dentro do Congresso, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) declarou ontem seu apoio à proposta da reforma da Previdência. Fez isso respaldada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e por outras 43 entidades, que divulgaram carta em que pedem ao presidente Jair Bolsonaro empenho na aprovação das modificações do sistema.
– Temos absoluta convicção de que a reforma nos dará fôlego fiscal para fazer investimentos em áreas importantíssimas do país, inclusive para começar a mobilizar a roda de geração de emprego para a população. Vamos fazer o melhor possível, mas vamos aprovar a reforma da Previdência – disse o presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS).
Na mesma linha, a carta feita por entidades que representam 90% da produção agropecuária brasileira reforça a preocupação com o andamento da reforma, mas dirige a palavra a Bolsonaro e não ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
“Senhor Presidente, para que possamos garantir esse futuro e continuar a saga de sermos o ‘carro chefe’ da economia brasileira, precisamos que o Brasil prospere, que os investimentos aconteçam e que as bases para esse futuro brilhante sejam semeadas e cultivadas, porque sem isso não há colheita”, diz a carta. Em outro trecho, o grupo afirma estar ciente de que, “sem a reforma da Previdência Social, em poucos anos, o país quebra e quase a totalidade dos recursos da União será destinada para folha de pagamento e aposentadorias”.
Apesar do endosso à reforma, Moreira abriu brecha para negociação dos pontos considerados polêmicos. Caso, por exemplo, da idade mínima das mulheres para a aposentadoria rural, que foi modificada para 60 anos – hoje, é de 55 anos. Também foi igualada à dos homens, outro ponto polêmico, uma vez que para os trabalhadores urbanos foi mantida a diferença entre os gêneros.
– Parte da agricultura, principalmente a agricultura familiar, tem discordância com o BPC (benefício de prestação continuada), com a idade mínima da aposentadoria e, nós, então, vamos discutir isso. De parte da frente, a gente acha que o impacto financeiro nesse processo não é tão grande assim, então podemos discutir tecnicamente para encontrar saída – acrescentou o presidente da FPA.