O Parlamento da Coreia do Sul aprovou neste sábado (14) o impeachment do presidente Yoon Suk-yeol devido a sua tentativa fracassada de instaurar lei marcial em 3 de dezembro, o que desencadeou uma crise política sem precedentes no país e diversas manifestações populares.
— Estou profundamente frustrado (...) mas agora preciso dar um passo atrás por um tempo — declarou o presidente destituído Yoon.
Em um discurso transmitido pela televisão, ele pediu o fim da "política de excessos e confrontos".
Dos 300 deputados da Câmara, 204 votaram a favor da destituição do presidente por insurreição, enquanto 85 votaram contra, segundo os resultados anunciados pela presidência da Casa.
Houve três abstenções e oito votos nulos nesta nova moção de censura, que foi bem-sucedida após uma tentativa anterior apresentada pela oposição em 7 de dezembro, que não havia prosperado.
Yoon está agora suspenso, aguardando que a Corte Constitucional valide ou não sua destituição, o que deve ser feito em até 180 dias.
Pelo menos 200 mil manifestantes, de acordo com a polícia, reuniram-se diante do Parlamento aguardando o resultado.
Em outro ponto da capital, Seul, cerca de 30 mil pessoas se concentraram em apoio ao presidente.
Park Chan-dae, líder do principal partido de oposição, o Partido Democrático, afirmou que "a destituição de hoje é uma grande vitória para o povo e para a democracia".
— Não é surpreendente que nós, o povo, tenhamos conseguido isso juntos? Tenho 100% de certeza de que a Corte Constitucional apoiará a destituição — disse a manifestante Choi Jung-ha, 52 anos, que, apesar do frio intenso, começou a dançar na rua ao saber do resultado.
"Governança estável"
O primeiro-ministro Han Duck-soo assumirá como presidente interino do país e prometeu exercer uma "governança estável".
Se a Corte confirmar a destituição, Yoon será o segundo presidente na história da Coreia do Sul a ser removido dessa forma, após o caso da dirigente Park Geun-hye, em 2017.
No entanto, também há um precedente em que a destituição aprovada pelo Parlamento foi invalidada dois meses depois pela Corte Constitucional, no caso do presidente Roh Moo-hyun, em 2004.
O presidente Yoon, de 63 anos e com baixos índices de popularidade, surpreendeu o país ao anunciar a imposição da lei marcial na noite de 3 de dezembro e ao enviar o exército ao Parlamento para impedir que os deputados se reunissem.
O mandatário, envolvido em uma disputa com a oposição sobre o orçamento, acusou seus rivais políticos de agir como "forças antiestatais" e disse que tomou essa medida extrema para proteger o país das "ameaças" do regime comunista da Coreia do Norte.
A decisão gerou um movimento de indignação, com milhares de manifestantes se mobilizando imediatamente e confrontando os militares às portas do Parlamento.
Os deputados conseguiram se reunir e, em poucas horas, derrubaram com seus votos a lei marcial.