A uma semana do início da Agrishow 2019, a principal feira de agronegócio do Brasil, fabricantes de máquinas agrícolas não têm garantias de que haverá dinheiro para financiamento pelo Moderfrota – com recursos esgotados desde 11 de abril. Por ora, há apenas a promessa do Banco do Brasil de aporte extra para a linha de crédito.
– Não sabemos exatamente o valor, mas será um bom reforço – confirma Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq).
Mas a preocupação transcende a Agrishow, que deverá contar ainda com recursos de bancos comerciais, como Bradesco e Santander.
– Depois da feira faltarão ainda dois meses para a entrada do novo Plano Safra. Essa descontinuidade não é boa para o agronegócio – avalia o dirigente, que esteve em Brasília tratando do assunto na semana passada e que vinha há meses alertando o governo federal de que os recursos acabariam em abril.
Na safra atual, foram disponibilizados R$ 8,9 bilhões de subsídios para operacionalizar o Moderfrota, com juro controlado de 7,5% ao ano. O esgotamento de recursos e suspensão de novos pedidos ocorreu em meio à recuperação do setor de máquinas e implementos agrícolas no país – que, em 2018, cresceu 12% e, nesse ano, espera avançar mais 10%.
– O Moderfrota é a nossa grande ferramenta de vendas. Essa situação nos preocupa muito, pois os negócios tendem a cair, impactando diretamente a economia brasileira – avalia o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier, que deverá ir a Brasília nesta semana para tratar do tema com representantes do governo.
Presidente da Agrishow 2019 e vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Fernando Maturro é mais otimista em relação ao cenário.
– Os bancos públicos, comerciais e de fábrica estão operando com condições e taxas de juro muito semelhantes às do Moderfrota – destaca o dirigente, que não prevê dificuldades para a Agrishow e nem para os próximos dois meses.
A expectativa é de que a feira supere em 10% os negócios do ano passando, chegando próximo de R$ 3 bilhões.