Se no início do ano as projeções para o plantio do trigo no Estado estavam carregadas de pessimismo, com perspectiva de novo recuo de área em estimativas de até dois dígitos, agora, o panorama é outro. O cenário ainda está muito longe da euforia, mas fatores como a valorização do preço do cereal no mercado fizeram o produtor rever os planos. O resultado é que agora, quando a semeadura se intensifica no Rio Grande do Sul, já se fala na manutenção dos 699 mil hectares do ano passado e até em leve aumento.
– Houve valorização grande do preço recebido pelo produtor nos últimos 15 dias. Tem gente vendendo a valores próximos de R$ 50 a saca – diz Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Segundo a Emater, o valor médio pago pela saca no período de 28 de maio a 1º de junho é de R$ 41. No do ano passado, era de R$ 29,83 (de 29/5 a 2/6).
Em março, quando consultado pela coluna, Jardim estimava diminuição de 17% da área destinada ao cereal. Atualmente, trabalha com a estimativa de manutenção. Além da questão preço, ele cita como fatores importantes para a possível reversão a falta de chuva no Paraná, com redução no potencial produtivo e a capitalização dos produtores do norte gaúcho – região onde a soja teve bom desempenho no verão.
Assistente regional da Emater de Passo Fundo, Claudio Dóro acrescenta ainda a previsão do tempo favorável à cultura como ingrediente a ser considerado nesta equação:
– Na região, deve-se repetir ou ter leve aumento de área, principalmente nas médias e grandes propriedades, nos produtores com alta tecnologia, que investem forte nas lavouras.
A greve dos caminhoneiros teria atrapalhado o avanço da semeadura, por falta de produtos para a adubação. Segundo dados da Emater, o cultivo estaria em 5% da área total, ante 12% normalmente registrado para o período.
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Paulo Pires, que também é produtor de trigo, estima que a área cultivada já chegue a cerca de 15%.
– O produtor reservou espaço para o cereal e está plantando. Há tradings já fazendo contratos de trigo para novembro, para exportação – conta Pires, acrescentando que a variação cambial é outro fator importante.