Vocês estão reparando que a coluna está tomada de notícias sobre inaugurações de supermercados e de atacarejos, que misturam atacados com varejo. Mas por que nós temos tantas aberturas dessas lojas agora, enquanto ainda enfrentamos a crise provocada pela pandemia? Vamos por tópicos:
1 - Cozinhar em casa
Podemos começar pelo comportamento diferente do consumidor. As pessoas estão ficando mais em casa e, muitas vezes, cozinhando a própria comida em vez de comer fora. Ficam em casa, em especial, consumidores que têm maior poder aquisitivo. O dinheiro que era gasto em restaurantes foi direcionado para o supermercado. Sabemos que ele vem do mesmo bolso, não é mesmo?
2 - Auxílio emergencial
Há ainda um fator importantíssimo: o auxílio emergencial. No ano passado, ele chegou a elevar a renda de algumas famílias e foi gasto, principalmente, para comprar comida, conforme várias pesquisas mostraram. Além de produtos mais caros, as pessoas de baixa renda comeram mais. Se fala que 2020 foi o "ano do varejo de alimentos". Os indicadores oficiais realmente apontaram o aumento nas vendas de supermercados, mas que começaram a cair quando encerrou o pagamento do auxílio. Lembrando que, agora, começou uma nova rodada do benefício, mas com com valores e alcance menores.
3 - Comércio essencial
E mais, os supermercados são considerados comércio essencial. Com isso, tiveram bem menos restrições durante a pandemia e não enfrentaram períodos de fechamento. Parecido com o que ocorreu com as lojas de materiais de construção. E, por mais que sejam criticados por outros setores por essa vantagem, acabaram por manter uma movimentação boa da economia e uma geração interessante de empregos.
4 - Janela de oportunidade
Houve, portanto, uma janela de oportunidades para a expansão do setor. Não dá para deixar o concorrente avançando sem também garantir a sua fatia de mercado, não concordam? Sem falar que várias redes de Santa Catarina entraram ou estão preparando a inserção no mercado do Rio Grande do Sul. Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), Antônio Cesa Longo também manda a sua percepção sobre a questão:
- A profissionalização do setor supermercadista, com a criação de diversos subnegócios dentro do negócio supermercado, oportuniza que as empresas expandam e abram novas unidades, calçadas em processos claros e bem definidos de gestão e expansão. Por trabalhar com margens muito pequenas, a abertura organizada de novas unidades é um caminho viável para o crescimento das empresas do setor, e as atuais taxas de juros têm facilitado e incentivado investimentos neste sentido. Além disso, há espaço para supermercados de diferentes formatos, já que o setor está mostrando sua essencialidade na pandemia e ajudando a abastecer as família gaúchas dos mais diversos recantos e perfis - diz ele.
5 - Mudança no mercado
No Rio Grande do Sul, nós tivemos um mexe, também, nas redes de supermercados. Teve a saída do Dia, empresa espanhola que tinha 70 lojas no Rio Grande do Sul. As operações foram compradas por outras empresas, que agora estão reformando e reabrindo os locais com perfis diferentes de negócio. O Walmart fechou supermercados, lojas que ainda estão, aos poucos, sendo compradas e reinauguradas com novas bandeiras. E, agora, o Carrefour comprou o Grupo Big, incluindo 133 lojas só na Região Sul. Aqui, o mexe do mercado será enorme.
6 - Projetos diferentes
O perfil das lojas também mudou. Há uma aposta em mercados de bairro de melhor qualidade, por exemplo, para pessoas que não tem tempo e não gostam de grandes lojas. Querem o consumo de proximidade, o que pode crescer com o teletrabalho, já que as pessoas circularão menos pela cidade. Outros supermercados estão sendo projetadas como parte de grandes complexos, com shoppings e torres comerciais ou residenciais.
Mas o grande destaque do momento são os atacarejos, que misturam operações de supermercado com atacado. Grandes lojas com operação enxuta geram menos custo, permitindo preços menores para o cliente. Vendem tanto para consumidores finais quanto para empreendedores abastecerem seus negócios. Essas grandes redes começaram no sul do Estado, apresentando ótimos faturamentos e, realmente, preços baixos, conforme pesquisas internas do setor supermercadista. Agora, elas se espalham por outras regiões e chegam a Porto Alegre.
E, convenhamos, sabemos que o gaúcho, no geral, adora fazer um rancho! Em paralelo, o setor se rende ao e-commerce, mesmo com a resistência histórica calcada na ideia de que a venda online não gera consumo por impulso.
Sobre o assunto, veja também o programa Seu Dinheiro Vale Mais, do Instagram de GZH:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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