Quem acompanha a coluna Acerto de Contas sabe que, tirando exceções, a indústria calçadista do Rio Grande do Sul voltou a enfrentar anos de vacas magras. Para tentar remediar a situação, será lançada na próxima segunda-feira (15) uma frente parlamentar na Assembleia Legislativa para discutir o setor de couros e calçados no Rio Grande do Sul.
Deputado que propôs a criação do grupo, Dalciso Oliveira (PSB) enviou para a coluna uma série de números justificando a necessidade de o parlamento dar mais atenção para o assunto. Queda de exportações e extinção de empregos já aparecem com frequência aqui na coluna.
No entanto, chamou a atenção um levantamento feito em cidades do Vale do Paranhana e do Vale do Rio do Sinos, onde se concentram as indústrias de calçados, pelo Sindicato da Indústria de Calçados e Componentes para Calçados de Três Coroas. Em 2007, eram 3.166 empresas de calçados na região. Em 2018, o número caiu para 2.461. Ou seja, uma redução de 22%, puxada pelo fechamento de mais de 700 empresas.
Ao mesmo tempo, o deputado Dalciso Oliveira argumenta que o calçado produzido no Rio Grande do Sul é o mais caro do país. Apresenta uma tabela comparando com os preços praticados em Santa Catarina, Ceará, Minas Gerais e Bahia, onde encontra diferenças entre 8,58%, com Santa Catarina, até 11,30%, com Bahia.
O valor final do calçado gaúcho fica em R$ 75,75. Na Bahia, é R$ 67,20. O material usa mesmo preço de matéria-prima e mesmo custo mão de obra, focando na diferença de custo gerada pelo ICMS. Entra aqui, portanto, o pleito da frente parlamentar. O deputado é empresário do setor e atua como relator da subcomissão que vem analisando a política de incentivos fiscais do Estado.
— Defendo que precisamos trabalhar pela equiparação das alíquotas interestaduais do ICMS, visando acabar com a conhecida e nefasta guerra fiscal. Também precisamos examinar e esgotar todas as possibilidades de uma política fiscal que compreenda e trate os tributos como fator de competitividade — acrescenta Oliveira.
Relembre algumas colunas sobre o setor em 2018:
- Paquetá transfere uma das sedes para Canoas e fecha outlet em Porto Alegre
- Fabricante de calçados demite 90 trabalhadores e terceiriza parte da produção no RS
- Trabalhadores tentam reabrir fábrica de calçados que teve falência decretada em Três Coroas
- Maior empregadora de São Francisco de Paula fecha fábrica e demite 360 pessoas
- Dakota fecha fábrica no RS
- Fábrica de calçados é fechada em Taquara e outra calçadista demite mais de 100 trabalhadores em Três Coroas
- Calçadista fecha quatro fábricas e dispensa mais de 600 trabalhadores no RS
- Fábrica de calçados expande produção em Parobé e pretende criar 600 empregos até 2019
- "Clientes da concorrência estão caindo no meu colo", diz calçadista que dobrou exportação