As ferrovias do Rio Grande do Sul estão sucateadas há anos. Do que resta, parte foi destruída na enchente. Um Estado exportador e do agronegócio está sem ligação com o resto do país. A Rumo quer ampliação a concessão para investir, mas o contrato que a deixou sucatear a estrutura descontenta setores econômicos e governos. O Ministério dos Transportes diz que seriam necessários R$ 5 bilhões para o Estado ter uma nova malha ferroviária. A coluna perguntou ao governador Eduardo Leite, durante entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, se estava nas suas prioridades.
Qual é a prioridade das ferrovias no seu planejamento para 2025?
Ferrovia é fundamental para o Estado. Estamos no extremo sul do Brasil. Temos desafios logísticos. Avançamos em aeroportos, estamos fazendo concessão dos de Santo Ângelo e Passo Fundo. Saímos da 16ª para a 17ª posição do ranking de qualidade das estradas. Nas hidrovias, investiremos R$ 731 milhões na dragagem. Mas a ferrovia ainda é uma dificuldade para avançar, especialmente porque é uma concessão federal. A Rumo, até onde tenho entendimento, não cumpre o contrato de concessão vigente, que está nos anos finais, e os investimentos que deveriam ser feitos. Portanto, ela não tem interesse de fazer, a não ser que haja o aporte.
Esse tempo final de contrato é pouco no total da concessão, mas três anos sem ferrovia é bastante para a economia do Estado.
Sem dúvida. Por isso que a discussão acaba recaindo não apenas sobre o que precisa ser feito, mas também o que deveria ter sido feito pela concessionária e não foi. Ao longo do contrato, ela ficou muito confortável. Não fez os investimentos e desativou ramais ferroviários. Não houve a diligente ação dos órgãos federais para cobrar e agora a empresa fica empurrando ainda mais. Os R$ 700 milhões das hidrovias - que o governo federal tinha prometido, mas não veio -, nós conseguimos absorver dentro do Fundo Rio Grande (Funrigs). Agora, não temos capacidade para R$ 5 bilhões em ferrovias. Tem que se negociar com o governo federal. A alternativa seria renovação antecipada dessa concessão com o aporte dos recursos, mas isso tem que ser muito bem negociado com a concessionária para entregar ferrovias nas condições que devem estar.
Não seria o caso de cobrar do governo federal uma revogação da concessão?
Essa concessão foi feita para a América Latina Logística (ALL) no passado, que, com dívidas junto à empresa que detém a Rumo, acabou sendo incorporada. Houve falha do poder público de não exigir o que está definido no contrato. Tem alternativas. Vai fazer rescisão? Tudo bem, mas alguém tem que dar manutenção. Quem vai fazer isso? Tem que ter condições de substituir imediatamente. Quando for trabalhar para viabilizar investimentos, precisará de modelagem para uma nova concessão. É ruim com a Rumo, pior se houver uma cessão desse contrato sem ter condição de botar qualquer coisa em pé no lugar. Sei que há estudos para renovação antecipada ou não. O que não dá é assistir o que está acontecendo. Pedi ao vice-governador, Gabriel Souza, para que se debruçasse sobre o assunto e estamos fazendo as cobranças, inclusive pela calamidade, porque houve trechos que foram destruídos.
Também foi prometido pelo governo federal um crédito extraordinário que não veio...
Pois é. A empresa, novamente, diz "ó, preciso ter aporte". Então, que identifiquem qual é o aporte necessário nos projetos e vamos buscar. É um dos temas que nos preocupa, sem dúvidas.
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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