A sede da fabricante de calçados Usaflex está sendo ampliada em Igrejinha, mas continuará sem sala para o presidente da empresa. Isso porque Sergio Bocayuva faz questão de passar o tempo percorrendo as fábricas e as lojas. Principalmente, as franquias.
Enquanto muitas calçadistas estão encolhendo e até quebrando, a Usaflex está ampliando produção e contratando. A fábrica de Parobé foi inaugurada no início do ano para receber a linha de produção e os trabalhadores da unidade de Taquara, que não tinha área suficiente para ser ampliada. Já está com 400 funcionários e a ideia é alcançar 1 mil postos de trabalho ainda em 2019.
O executivo antecipou os planos da empresa e analisou o mercado em entrevista no último final de semana ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha). As exportações da empresa subiram 126% de janeiro a julho de 2018 na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o setor de calçados como um todo encara uma queda de 10,3% no mesmo período.
- Estou crescendo enquanto o mercado está derretendo. Uma quantidade enorme de clientes no exterior está caindo no meu colo porque a concorrência não consegue atendê-los de forma satisfatória. Principalmente, na questão qualidade – diz o executivo.
No varejo, Bocayuva aposta nas franquias, onde consegue ter mais controle sobre a experiência do consumidor com o seu produto. São chamadas de lojas “monomarcas”, onde a Usaflex vende quatro vezes mais por metro quadrado do que nas “multimarcas”, como se referem ao varejo de calçados de vários fornecedores.
A expansão acelerada da empresa começou há dois anos quando o controle foi vendido para o executivo e mais um fundo de investimentos. Tendo passado pelo setor de alimentação saudável, com a Mundo Verde, e pelo ramo de beleza, com a Embelleze, Sergio Bocayuva tinha o desafio de deixar o calçado da Usaflex mais bonito, conquistando clientes jovens sem perder as consumidoras antigas.
Para manter a marca associada a conforto, a empresa segue investindo em tecnologia. Sergio Bocayuva, inclusive, critica quem apostou em produto sintético de baixo preço.
- Vira commodity (produto primário produzido em massa), sem diferencial competitivo. Agora, ainda sofre com o aumento no preço do petróleo, que é principal insumo – acrescente o presidente da Usaflex.
A Usaflex negocia ainda a compra de uma empresa do Nordeste. A ideia é trazer a administração para o Rio Grande do Sul e, com parte da produção lá, reduzir o custo médio do calçado de R$ 180 para R$ 129.