O time do Grêmio é ruim, faz tempo que digo isso. É um time que sobrevive do marketing construído entre 2016 e 2017, quando era realmente forte. Nos últimos três, quase quatro anos, o Grêmio sobrevive de suspiros técnicos de meio de campeonato e de Gre-Nais.
O pilar do Grêmio, nesses anos todos, foi a extraordinária dupla de zaga, Kannemann e Geromel, que sustentou inclusive goleiros fracos. Com Kannemann e Geromel atrás, pode-se ser ousado na frente. Era essa a razão da excelência técnica do Grêmio: a segurança de sua zaga. Mas a zaga nem sempre está completa e, às vezes, os jogadores que a rodeiam comprometem além de qualquer possibilidade de resistência.
Assim, de 2018 para cá, o Grêmio colecionou alguns dos resultados mais constrangedores da sua história. Levou 5 a 0 do Flamengo e 4 a 1 do Santos, foi surrado pelo Athletico-PR e pelo Caxias, permitiu que o River e o Inter virassem jogos ganhos nos últimos minutos de partida e, agora, foi eliminado pelo Del Valle na Arena. Mas o pior talvez tenha sido a forma como enfrentou o Palmeiras na final da Copa do Brasil – um Grêmio desinteressado, alheio, distraído, como jamais se viu, nem nos piores times da sua história mais que centenária.
Nesses fracassos rotundos, o conjunto de erros da comissão técnica é assombroso. A insistência com jogadores como Paulo Victor, Vanderlei, André e Bressan é um escândalo. A direção compreendeu isso e removeu esses jogadores do grupo. Mas outros começam a tomar o lugar deles, como o zagueiro Rodrigues. Inexperiente, afoito, Rodrigues poderia ser emprestado para aprender e se fortalecer, mas continua à disposição, acaba jogando e fica sempre muito perto de se queimar.
Apesar da coleção de vexames e equívocos, Romildo renovou com Renato. Por quê? Talvez por acomodação. Dá trabalho montar uma equipe de futebol que tenha lógica em campo.
O Grêmio perdeu essa lógica. Perdeu sua personalidade. Não é um time de técnica e toque, nem de marcação e objetividade. Ou seja: não é nada.
Como é que um time de futebol tem de jogar? Deixando a bola com o adversário, marcando e saindo em contragolpes? Envolvendo o inimigo no toque de bola? Exercendo o famoso "jogo de posição"?
Tanto faz. Como diria Fabio Koff, não existe a fórmula certa de jogar, mas é preciso ter uma fórmula de jogar.
O Grêmio não tem. É um time mal treinado física, técnica e taticamente. Seus melhores jogadores são três veteranos que estão nas franjas da aposentadoria, Geromel, Maicon e Diego Souza. Por sorte, surgiu um substituto de Geromel, o jovem Ruan. Mas o meio-campo é um deserto e o ataque depende da inspiração de Ferreirinha. Não bastassem todas essas deficiências, Renato continua escalando Alisson na direita. Como se explica a titularidade inquestionável de Alisson? Só Renato explica. E ninguém entende.