Se tem uma cena que atrai o olhar, a atenção do ser humano e quase que o hipnotiza de forma invencível é uma espinha ou um cravo sendo espremidos em vídeo. Isso é fenômeno das redes sociais.
Nunca daria certo na TV ou no cinema porque se trata de um ato que exige pelo menos um fingimento de privacidade. Eu sei que a pessoa que está sendo espremida não está sendo aberta nessa relação. Ela poderia dizer:
“venham me ver, vou ser espremida todinha agora, ali, atrás do banheiro do bar. Venham ver, vocês ficaram olhando e esperando toda a noite! Venham me ver, não esperem pelo pus, hipócritas!
Não. Ela não pode fazer tal chamamento porque ainda tem pruridos. É a moral e os bons costumes que a empurram para os fashion stiles. Agora me diga, como é que você pode confiar numa mulher que na rua, na chuva, na fazenda, nas escadarias da escola de segundo grau, se deixa apalpar, apertar, forcejar até que o carnegão pastoso e purulento saia de algum ponto de suas próprias entranhas e venha explodir, literalmente explodir, no canto do seu olho?
Não. É preciso ser falso. É assim que nós somos, nós brasileiros, falsos. Publicamente elogiamos o band-aid e mesmo o esparadrapo, por menos sisudo que seja. Mas no recôndito do nosso Facebook nós procuramos as pelas imagens mais empestadas, mais oleosas, que não seriam recomendadas nem numa propaganda de margarina de praia.
Nós somos assim, todos nós, inclusive eu e você. E qual é nosso defeito, nosso problema? Defeito de fabricação. Nossas mães viviam a elogiar a pele de musgo da loirinha do sétimo. Mas o que na verdade despertava a lascívia da turma era a morena do quarto andar. E não havia maior façanha do que chegar no vestiário enquanto você e seus amigos estão se preparando para o jogo e exclamar: “A Alice pediu que eu espremesse aquela espinha que ela tem no joelho dela”.
É, meus amigos, já tive meus tempos de Cristiano Ronaldo.