Membro de uma comitiva do governo federal que visitou o município de Hulha Negra, na região da Campanha, um dos mais afetados pela estiagem no Rio Grande do Sul, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, avalia que a resposta à falta de chuvas no Estado precisa se tornar uma política permanente. Para Teixeira, o território gaúcho enfrenta "uma seca estrutural", com estiagem nos últimos três anos.
Estas ações de prazo mais alongado devem ser efetivadas por meio de diálogo entre governo do Estado e União. Uma reunião do governador Eduardo Leite com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser agendada nos próximos dias.
— (O governador Eduardo Leite) agora vai levar ao presidente Lula uma proposta, para ser tratada com o presidente Lula, para dar continuidade aos temas do enfrentamento da seca. Que envolve irrigação, envolve a recuperação de nascentes ou de vertentes, envolve também a capacidade de reservação de água nas propriedades e nas cidades. Envolve também uma nova forma de fazer agricultura — disse Teixeira em entrevista ao Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (24).
Entidades representativas do setor consideraram insuficientes as medidas apresentadas pela União durante a visita dos ministros. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, por exemplo, citou a falta de anúncios sobre renegociação de dívidas e financiamentos dos produtores. O ministro Teixeira afirmou que ações seguem sendo negociadas.
— Já é o terceiro ano que os agricultores têm perda na safra, e uma perda na sua produção. Parte dessa perda é coberta por seguro, então esse agricultor já pode ir na instituição bancária e colocar essa dívida no final do contrato, alongar esse contrato. E parte dessa perda e essas dívidas terão de ser tratadas agora. Esse eu acho que é o próximo passo desse diálogo — ressaltou.
Antecipação do Bolsa Família
Durante a visita, a comitiva do governo federal anunciou a aplicação de R$ 430 milhões em medidas emergenciais para mitigar os efeitos da estiagem. Entre elas estão a antecipação do pagamento do Bolsa Família e um repasse extra de R$ 2,4 mil a 10 mil famílias atingidas. Serão cerca de R$ 24 milhões distribuídos em até duas parcelas mediante análise da equipe técnica do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os repasses serão feitos a inscritos no Cadastro Único, beneficiários ou não do Bolsa Família. Ainda assim, o valor será pago pelo cartão do benefício social.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, diz que as áreas afetadas pela estiagem no RS estão entre as três regiões do país com condição para a liberação antecipada do Bolsa Família, juntamente com Roraima, com a crise humanitária dos yanomami; e São Paulo, com a destruição causada pelo maior temporal da história brasileira.
Além de Paulo Teixeira, os ministros do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, estiveram em Hulha Negra nesta quinta-feira (23).