
Está mais do que na hora de resolver o imbróglio entre Grêmio e Arena. A discussão pública ao longo destes 12 anos enterrou a imagem do estádio na relação com o torcedor, e essa comunicação transformou a Arena em algo negativo. Essa briga, no entanto, não tem mocinho.
Não quero com esse texto criar nenhum tipo de lado, com culpados ou vítimas. Entendo que quem está perdendo com esse conflito é o Grêmio, como figura além do seu tempo, e sua torcida. As diretorias ou gestões são apenas figuras passageiras e os seus atos têm repercussões, algumas pequenas e outras que podem definir comportamentos a longo prazo, e aí está o problema do assunto Arena.
O início deste conflito é uma briga política interna do Grêmio que teve a Arena como pano de fundo. Fábio Koff e Paulo Odone, inimigos políticos naquele momento, transformaram o estádio e o contrato como trunfos no convencimento dos eleitores, negativa e positivamente. Pouco importou para os protagonistas a repercussão daquela eleição. É evidente que o contrato original tem problemas, mas afastar a ideia de pertencimento foi um erro definitivo. A Arena só existe em razão do Grêmio e dos gremistas. E essa premissa deveria ser a base de qualquer entendimento.
Essa primeira discussão norteou todo o contexto e a Arena foi usada politicamente para vencer eleições ao longo dos anos. A premissa era sempre a mesma. O estádio, agora, "seria" do Grêmio, mas após o pleito ela voltava a "não ser" do clube. E assim se fez. Criamos no período, inclusive, dirigentes "especialistas" no assunto. E sempre com a ideia de resolver o imbróglio, como se tivéssemos um inimigo na trincheira.
Entrando no campo da empresa parceira e todos os seus problemas, se vê claramente um séria dificuldade de relacionamento. Os assuntos se arrastam e muitas decisões acabam demorando e prejudicando o objetivo final que é o atendimento ao torcedor. A burocracia e as dificuldades, que nada tem a ver com o Grêmio e a sua torcida, dão ainda mais vazão para a narrativa de que a Arena é "inimiga" do clube. E assim se caminha, sempre e cada vez mais distante.
A falta de dinheiro, presente no Grêmio e na empresa que gere a Arena, só complica as relações. Neste momento, a Arena não cumpre algumas obrigações e o clube também não paga coisas básicas que deveria honrar, criando apenas uma balança de quem está pior ou quem começou a errar primeiro. E ninguém ganha com isso.
Distanciamento entre Grêmio e Arena
A Arena é do Grêmio, mesmo que tenha mil problemas, de relacionamento ou atendimento. Enquanto a narrativa for entre nós e eles, teremos o mesmo destino. Tem muita gente que se alimenta disso e que só distanciou o Grêmio do seu estádio. Ao final de cada gestão, sempre temos um acirramento e uma maior intensidade no discurso, pelo simples fato de não ter, por vaidade, o resultado do assunto dentro daquele período. É preciso pensar o Grêmio além da nossa vida, o estádio é uma bandeira do clube que precisa ser preservada e cuidada além de um período eleitoral.
Esqueçam as pessoas e os contratos. Cobrem melhorias, insistam por ingressos acessíveis, mas nunca deixem dizer que a Arena não é do Grêmio. A sua base está montada em azul, preto e branco, o hino dos corredores tem a assinatura de Lupicínio Rodrigues, e, nas arquibancadas, estão os gremistas, que são o pulmão, o sangue e o coração do Grêmio. A Arena tem problemas, mas ela é nossa e precisa ser cuidada.
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