Guajará J. Oliveira, especialista em azeite de oliva e chefe do Panel Argos, da Associação Rio-Grandense de Olivicultores
Temos visto, recentemente, a retirada do mercado de azeites fraudados. Isso é um ponto positivo em favor dos consumidores. É o início, precisamos avançar muito nesse quesito. É necessário classificar melhor os produtos comercializados no mercado brasileiro. Muitos estão sendo vendidos como extravirgem e não são. O Brasil é um grande consumidor. Aliás, hoje, somos o segundo maior importador desse alimento, atrás apenas dos Estados Unidos. Então, o avanço nessa questão é primordial.
O instrumento legal de controle interno, que trata do tema é a Instrução Normativa 1/12, do Ministério da Agricultura. Ali estão as classificações dos azeites nas categorias extravirgem (os melhores), os virgens (com algum defeito) os correntes (com defeitos mais acentuados) e os lampantes (impróprios para consumo). Mas, como tudo, a legislação também precisa ser melhorada.
Os consumidores procuram sempre os de tipo extravirgem, leem a embalagem para ver acidez, data de validade, marca, etc. São formas de controle de quem utiliza o alimento. Isso, no entanto, é insuficiente. Existe a necessidade de os órgãos legais estarem sempre vigilantes e produtores idem, no sentido de só fornecer qualidade.
As análises, nesse contexto, são de suma importância. Tanto a química quanto a sensorial. Elas completam o ciclo de controle de qualidade. A avaliação química dá os parâmetros de quantidade dos elementos do azeite (ácido oleico, ácido linolênico, esteárico e os índices de oxidação) e a sensorial (aromas e sabores) a forma definitiva da qualidade.
Os consumidores leem a embalagem para ver acidez, data de validade, marca, etc. São formas de controle de quem utiliza o alimento. Isso, no entanto, é insuficiente.
Um azeite pode estar quimicamente perfeito, mas sensorialmente defeituoso (não é detectado pelo teste químico) e, por essa razão, a importância dessa análise. É o teste sensorial que classifica os azeites dentro das categorias que falamos. Quem está habilitado para fazer esse tipo de análise são os paneles (especialistas)sensoriais, compostos por profissionais treinados. Eles devem estar credenciados pelo Conselho Oleícola Internacional (COI) para ter credibilidade no mercado. No Brasil, o único panel credenciado para essa atividade é o Panel Argos, que emite certificado de qualidade válido em todo o mundo.