A Polícia Civil realiza nesta terça-feira (17) nova ofensiva contra a facção envolvida na morte de um preso dentro da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) 3. A operação é contra núcleo do grupo com atuação nos municípios de Gravataí, Cachoeirinha e Canoas, na Região Metropolitana.
Quatro suspeitos foram presos, sendo dois preventivamente, capturados em Canoas e Cachoeirinha. Os outros dois foram detidos em flagrante em Cachoeirinha.
São cumpridas nesta manhã 17 ordens judiciais: além das prisões preventivas, há 15 mandados de busca e apreensão. A chamada Operação Visitatio Fatalis (visita fatal) é realizada em Gravataí, Cachoeirinha, Canoas e São Leopoldo. A ação é resultado de investigação da Delegacia de Homicídios de Gravataí.
Segundo o delegado Edimar Machado, os investigados são suspeitos de estarem envolvidos diretamente em ordens para a prática de homicídios. Por trás dos crimes, estariam a tentativa de expansão das áreas de atuação desse núcleo da facção no tráfico de drogas, assim como a cobrança de dívidas.
— As ordens judiciais de busca e apreensão foram expedidas como uma forma de desarticular parte da estrutura da organização criminosa, notadamente no que concerne aos indivíduos designados para execuções de homicídios na região, assim como seus mandantes, que se encontram no sistema carcerário — explica o delegado Edimar Machado.
Um dos homicídios aconteceu em 8 de janeiro deste ano, no bairro Bom Sucesso, em Gravataí. Segundo a polícia, criminosos a bordo de um Prisma branco se identificaram como policiais e questionaram a vítima se ele fazia telentrega de drogas. Logo depois, alvejaram o homem, que foi executado com 20 disparos de arma de fogo.
O segundo caso apurado aconteceu também aconteceu em Gravataí, em agosto. Um homem foi executado com cerca de 30 disparos. Os assassinos teriam gritado o nome da facção responsável pelo ataque após o crime.
Segundo a Polícia Civil, a facção por trás desses homicídios investigados é a mesma que estaria envolvida na execução de um preso na Pecan 3. Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anos, o Nego Jackson, foi morto a tiros de pistola dentro de uma cela da penitenciária no último dia 23 de novembro. A suspeita é de que a arma tenha ingressado na prisão com uso de um drone.
Dois apenados, que estavam na mesma galeria da vítima, foram presos pelo crime: Rafael Telles da Silva, 36 anos, o Sapo, e Luis Felipe de Jesus Brum, 21 anos. Ambos integram a mesma facção criminosa, que é rival do grupo até então liderado por Nego Jackson. O assassinato do preso, segundo a polícia, foi motivado pelas disputas entre os dois grupos.
Estratégia
A ofensiva é considerada mais uma espécie de resposta ao grupo criminoso, após a morte de Nego Jackson. Entre as estratégias que vêm sendo adotadas pela Polícia Civil para tentar coibir os homicídios praticados pelo crime organizado, está a de realizar operações contra as facções diretamente envolvidas nesses crimes. Em razão disso, desde que ocorreu a morte dentro da Pecan 3 já foi realizada uma série de ofensivas.
— Nesses casos, é oportuna a operação policial que se estende aos demais membros da facção criminosa, desarticulando a estrutura da organização criminosa e, por conseguinte, as ordens de execução entre membros rivais do tráfico de drogas — afirma o diretor do DHPP, delegado Mario Souza.
Outras ações
Queda Livre
Em 29 de novembro, a chamada Operação Queda Livre prendeu 11 pessoas por suspeita de envolvimento em assassinatos ocorridos em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Sapo é apontado como um dos mandantes de um dos crimes. Durante a operação, foram apreendidos controles de drones e também caixas do equipamento.
Lavagem de dinheiro
Um segundo inquérito da Polícia Civil foi aberto contra a facção envolvida na morte na Pecan 3. O foco da nova investigação é lavagem de dinheiro, ou seja, a forma usada pelo grupo criminoso para ocultar valores obtidos de maneira ilegal, como, por exemplo, por meio do tráfico de drogas. No centro dessa apuração está Sapo, apontado como um dos líderes da organização e também como um dos mentores da execução de Nego Jackson.
Contra o tráfico
Na última quinta-feira (12), a Polícia Civil realizou nova operação contra o tráfico de drogas e organização criminosa. O alvo é um grupo suspeito de integrar facção que seria liderada por Nego Jackson, e por Dezimar de Moura Camargo, o Tita. Os dois foram executados em novembro, sob a suspeita de execução por grupos rivais. Nove pessoas foram presas na operação do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).