A Justiça decretou, na manhã deste sábado (10), a prisão temporária da mãe da menina Kerollyn Souza Ferreira, nove anos, encontrada morta em um contêiner de lixo em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O corpo da criança foi localizado, na sexta-feira (9), por um reciclador.
A Polícia Civil sustentou ao juiz que analisou o pedido de prisão que a mulher teria torturado a menina, provocando a morte da filha. Já o Ministério Público se manifestou a favor da prisão, afirmando que há indícios de que a suspeita tinha intenção de matar, já externada anteriormente.
A prisão temporária tem validade de 30 dias. Nesse período, a Polícia Civil pode aprofundar as investigações contra a suspeita, que não teve o nome divulgado. As autoridades apuram os crimes de tortura e homicídio qualificado.
Segundo o Tribunal de Justiça, depoimentos e documentos apresentados pela polícia indicam que a mulher submetia a filha a intenso sofrimento físico e mental. A investigação apontou que a menina seria vítima de negligência e extrema agressividade, de acordo com a análise do juiz João Carlos Leal Júnior, caracterizando as práticas de maus-tratos, abandono de incapaz e tortura.
— Em relação ao pedido de prisão temporária, entendo ser adequada e suficiente a decretação, para o prosseguimento das investigações e apuração da autoria do delito de homicídio, ora investigado — disse o juiz.
A perícia afirmou, ainda na sexta, que não havia sinais de violência no corpo da vítima. Contudo, a polícia aguarda o resultado de exames sobre a causa da morte da criança.
Ainda de acordo com o Judiciário, a investigada admitiu à polícia que havia dado um medicamento controlado para a filha sem orientação médica. Ao acordar, a suspeita não teria encontrado a criança em casa e, ainda assim, voltou a dormir.
Os policiais que relataram o caso ao juiz destacaram que a mulher não demonstrou surpresa ao ser informada da localização de um corpo que poderia ser o da filha e que, sem expressar tristeza ou choque, teria ficado com raiva por ser considerada suspeita.
Relatos de vizinhos
Vizinhos relataram à RBS TV que a menina residia próximo ao local onde foi encontrada sem vida. Uma guarnição da Brigada Militar foi até a residência e conversou com uma mulher, que confirmou que seria a mãe da menina, mas que a criança não havia dormido em casa na noite anterior.
Os PMs suspeitaram do comportamento da mulher e a conduziram até uma Delegacia de Polícia para prestar depoimento. O pai da menina mora em Santa Catarina e não tem contato com a família.
Testemunhas são ouvidas pela investigação. Imagens de câmeras de monitoramento das proximidades do local onde o corpo foi encontrado serão analisadas.
O Conselho Tutelar do município informou que já acompanhava o caso da menina. Segundo o órgão, havia um expediente aberto sobre violação de direitos.