A Justiça decidiu que os dois réus presos por um crime ocorrido na orla do Guaíba, um dos pontos turísticos de Porto Alegre, em junho do ano passado, devem ser levados a júri. Gabriel Oliveira de Souza, 21 anos, e Kauan Silva de Quadros, 19 anos, são acusados de terem assassinado outros dois jovens a tiros na pista de skate. As vítimas são William Silva de Paula, 21, e Vinicius Luís Silva da Silva, 20.
Nesta sexta-feira (9), a juíza Lourdes Helena Pacheco da Silva, da 2ª Vara do Júri da Capital, definiu que os dois devem ser submetidos ao Tribunal do Júri pelos homicídios. Os crimes são considerados triplamente qualificados, em razão do motivo fútil, por ter sido cometido mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima e praticado com emprego de meio que resultou em perigo comum.
O crime aconteceu na madrugada de 10 de junho do ano passado, por volta das 4h. No momento dos disparos, havia diversas pessoas no local. Além dos dois mortos, seis pessoas ficaram feridas no tiroteio. Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), os dois réus e um adolescente cruzaram pelas vítimas e alguns amigos no local. Os dois grupos estariam armados, no entanto, somente um deles teria atirado.
A acusação afirma que, após trocarem olhares e ofensas, o trio teria se aproximado provocando as vítimas e atirado na direção do grupo. William e Vinícius morreram e outras seis pessoas ficaram feridas. Os atiradores fugiram do local após o crime, mas acabaram presos dentro de uma casa na Vila Cruzeiro, na zona sul da Capital.
Além dos dois, que agora são réus, um adolescente também estava sendo investigado por suspeita de participação no duplo homicídio. A denúncia aponta que ele estaria com os jovens no momento do crime. No entanto, a apuração foi interrompida, já que o suspeito foi morto durante confronto com a Brigada Militar na zona sul da Capital em julho do ano passado.
Diferentes versões
Segundo o Judiciário, durante a fase de instrução, quando são ouvidas testemunhas e interrogados os réus, um deles ficou em silêncio e outro alegou legítima defesa – não foi informado qual dos réus. Já as testemunhas confirmaram a versão apontada pela acusação, de que eles atacaram as vítimas. Diante das duas versões, a juíza decidiu encaminhar o caso para ser avaliado pelo júri.
Além do duplo assassinato, os dois foram denunciados pelo MP pelas seis tentativas de homicídio, contra as pessoas que ficaram feridas. No entanto, a juíza entendeu que os acusados tinham como alvo as vítimas que foram mortas e outro jovem, que estava com elas, e não chegou a ser identificado.
Segundo a magistrada, em casos do chamado “erro na execução”, o Código Penal estabelece que os réus devem responder apenas pelo delito que tinham intenção de cometer.
Contraponto
Zero Hora tenta contato com a defesa dos réus. A reportagem buscou junto ao Judiciário os nomes dos responsáveis por representar Gabriel e Kauan no caso e aguarda retorno da informação.