A defesa de Robinson Teixeira dos Santos, 35 anos, sustentou durante o julgamento desta quinta-feira (22) que não há provas no processo de que ele tenha sido o motorista dos atiradores que assassinaram Eliseu Santos, 63 anos. O então secretário de saúde de Porto Alegre foi morto a tiros em 26 de fevereiro de 2010, no bairro Floresta. O Ministério Público acusa o réu de ter levado os criminosos até o local do crime.
A primeira a falar pela defesa de Robinson, que iniciou a sustentação pouco após as 18h30min, foi Cássia Juliana Vargas Dornelles. A advogada argumentou que não há na investigação – tanto por parte da Polícia Civil como pelo Ministério Público – provas de que alguém tenha reconhecido o cliente como o condutor. Alegou que a única prova que teria levado à inserção do cliente no processo seria uma certidão elaborada por um policial civil, que relatava que outro dos investigados havia apontado Robinson como sendo o motorista.
— A defesa não localiza nesse processo nenhuma diligência realizada quanto à identificação de Robinho — disse a advogada.
A defesa afirmou ainda que houve uma confusão na apuração sobre Robinson, que teria apelido de Robinho, e outro indivíduo de alcunha Binho, apontado no caso. Durante o interrogatório ainda à tarde, o réu alegou que estava em Tramandaí, no Litoral Norte, na noite do crime. A defesa dele manteve esta versão.
Na sequência, o advogado Diorge Diander da Cunha Rocha também falou em nome do cliente. Em sua argumentação, ele disse que para a defesa não há relevância em saber se o crime foi um homicídio – como sustenta o MP – ou um latrocínio (roubo com morte), como apontou a Polícia Civil na época.
— O que importa é que o Robinson está sendo acusado de homicídio. Se fosse latrocínio, ele também não estava lá — disse.
O advogado alegou ainda que o MP falhou em encontrar o verdadeiro motorista e que outras pessoas citadas ao longo da apuração deveriam ter sido investigadas.
— O Robinson confessou para vocês que ele tem passagens, na situação de roubos de carros. Agora de homicídio, que matador ruim — afirmou.
Nesse momento o promotor Eugênio Amorim, um dos responsáveis pela acusação, interveio:
— Contrataram assaltantes para forjar assalto. Por isso, deu errado. Por isso, que é homicídio e não é latrocínio.
Por fim, a defesa pediu a absolvição do cliente, sustentando a negativa de autoria. Os dois advogados relataram diversas vezes que a defesa assumiu o caso recentemente – há menos de um mês. No início do júri, a defesa chegou a pedir a nulidade do julgamento, por alegar que não teve tempo de se inteirar de todas as provas, mas o pedido não foi atendido pela Justiça.
Réplica e tréplica
Após o encerramento da fala da defesa, que não chegou a usar a uma hora e meia que tinha disponível, o MP precisou decidir se seguiria para a réplica ou se ia direto para a análise por parte dos jurados. A acusação optou por dar sequência aos debates. Com isso, o MP terá mais uma hora para apresentar seus argumentos e a defesa terá o mesmo tempo disponível.
Somente após isso, é que os jurados devem se reunir para decidir se o réu é ou não culpado dos crimes dos quais é acusado. A previsão é de que o julgamento seja encerrado por volta da meia-noite desta quinta-feira.