O júri do terceiro réu acusado do assassinato de Eliseu Santos, secretário de Saúde de Porto Alegre morto a tiros em 2010, começou pouco depois das 10h desta quinta-feira (22). Previsto inicialmente para se iniciar às 9h30min, o sorteio dos sete jurados que vão compor o Conselho de Sentença começou cerca de 40 minutos depois. Quatro mulheres e três homens serão os jurados do caso. O julgamento é conduzido pelo juiz Thomas Vinícius Schons, da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre.
Após o sorteio dos jurados, teve início os depoimentos das testemunhas de acusação — não haverá testemunhas de defesa. Estavam previstas cinco, mas apenas quatro pessoas devem falar. Entre elas, está a viúva Denise Goulart da Silva.
A primeira testemunha a falar foi um morador da região onde o crime aconteceu — ele pediu para não ser identificado. Ele estava na janela de casa quando ouviu os disparos. Questionado pelo Ministério Público (MP), disse que tem experiência do Exército e que identificou barulhos de duas armas — um revólver e uma pistola.
Logo após ouvir os disparos, a testemunha disse ter visualizado dois homens embarcando na parte de trás de um carro, o que indicava haver um motorista. Após ver a fuga dos dois, desceu.
— O que chamou a atenção foram os tiros. Não vi a cena em si. Quando vi a cena do crime, vi o senhor baleado, a esposa dele, a criancinha em cima chorando — relembra.
Depois dos depoimentos das quatro testemunhas, terá início o debate entre acusação e defesa. Concluída esta etapa, cabe aos jurados decidirem se o réu é culpado ou não dos crimes de homicídio qualificado, receptação de veículo (usado no ataque), adulteração de placa, fraude processual (queima do mesmo veículo) e formação de quadrilha.
Eliseu Santos, também ex-vice-prefeito, foi morto quando se preparava para entrar em seu carro na Rua Hoffmann, no bairro Floresta, na Capital, na noite de 26 de fevereiro de 2010. Na época, ele tinha 63 anos. Minutos antes do ataque a tiros, ele havia saído de um culto e estava acompanhado da esposa e da filha, então com sete anos. Ele chegou a sacar uma pistola e atirar, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Robinson Teixeira dos Santos, 35 anos, é o terceiro réu a ser julgado pela execução do médico e político, após o Ministério Público (MP) apontar que Eliseu foi morto por encomenda. A motivação, segundo a acusação, seria uma denúncia contra suposto esquema de corrupção, envolvendo a empresa Reação, responsável pela vigilância em postos de saúde da Capital. No total, 12 pessoas foram acusadas de envolvimento no homicídio do secretário. O réu está preso por outros crimes.
— A motivação está relacionada com essa questão das licitações e da corrupção que existia, envolvendo essa empresa. O Eliseu era testemunha nesse processo de corrupção. A empresa acabou fechando, não teve condições de continuar — explica a promotora de Justiça Lúcia Helena de Lima Callegari.
Eliseu Pompeo Gomes e Fernando Junior Treib Krol receberam sentença, em maio de 2016, de 27 anos e 10 meses de prisão em regime fechado. Há ainda outros três júris previstos para serem realizados até dezembro deste ano, com o julgamento de mais seis réus. Há mais dois acusados com processo em andamento, que ainda não têm previsão de serem julgados. Um terceiro acusado morreu no início do ano.
Segundo apontado pelo Ministério Público (MP), Robinson foi o responsável por dirigir o veículo que levou os executores à cena do crime e depois os auxiliou a fugir.