Quase 40 horas após o início do julgamento, o júri considerou que os réus Eliseu Pompeo Gomes, 28 anos, e Fernando Junior Treib Krol, 27 anos, são culpados pela morte do ex-secretário de Saúde de Porto Alegre Eliseu Santos.
O crime começou a ser julgado na manhã de quinta-feira e foi encerrado na madrugada deste sábado, quando o juiz André Vorraber Costa, da 1ª Vara do Júri na Capital, sentenciou que ambos cometeram homicídio qualificado contra pessoa maior de 60 anos, adulteração de sinal, fraude processual, receptação e formação de bando armado. Ambos terão de cumprir 27 anos e 10 meses de prisão em regime fechado. Krol teve ainda a prisão preventiva decretada.
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Foi acolhida pelo corpo de jurados a tese do Ministério Público de que Gomes e Krol integram uma quadrilha de assaltantes contratada pelos donos da empresa Reação para executar Santos. Os promotores afirmaram que a morte foi encomendada porque o ex-secretário denunciou um esquema de corrupção que envolvia a empresa responsável pela vigilância em postos de saúde – a vítima teria entregue os documentos no Fórum do bairro Sarandi no dia da sua morte. Eliseu Gomes teria recebido pelo menos R$ 15 mil para participar da execução. Ligações telefônicas entre os dois condenados no dia do homicídio reforçariam a hipótese. Os réus negaram as acusações.
Eles foram ouvidos pela manhã, e Gomes disse que roubava pneus na Rua Hoffmann no momento em que houve o tiroteio que vitimou o ex-secretário e que também foi baleado. Por isso, segundo o réu, a perícia encontrou o seu sangue no local do crime. Krol negou que estivesse lá e afirmou que o ferimento de arma de fogo que sofreu à época ocorreu dias depois, durante uma briga em uma festa.
O retorno do intervalo de almoço do julgamento da morte de Eliseu Santos reservou uma surpresa ao tribunal do júri na sexta-feira. Krol abandonou a sessão no momento em que o defensor público começaria a sua defesa. A ausência do réu, que respondia ao processo em liberdade, atrasou em 20 minutos a retomada dos trabalhos e surpreendeu o plenário. Chegou a ser debatida a suspensão do julgamento, mas o juiz André Vorraber Costa considerou que não existiria impedimento legal ao dar sequência à sessão sem a presença do acusado. Por volta das 15h20min, então, retomou-se o júri.
Outro fato inusitado chegou a suspender a sessão também na manhã de sexta-feira: o juiz abandonou o julgamento por cerca de quatro minutos em razão de um bate-boca entre integrantes do Ministério Público e da Defensoria Pública. O magistrado só deu sequência aos trabalhos após o apaziguamento dos ânimos.
Na saída de culto
Eliseu Santos foi assassinado na noite de 26 de fevereiro de 2010, no bairro Floresta, na Capital. O médico estava acompanhado da mulher e da filha e foi abordado no momento em que entrava no carro, ao sair de um culto religioso.
A Polícia Civil concluiu que o crime se tratava de um latrocínio. No entanto, o Ministério Público entendeu que o ex-secretário fora vítima de um complô para matá-lo. Os diferentes entendimentos causaram polêmica entre as duas instituições.