Ao longo de uma hora e meia, o Ministério Público apresentou seus argumentos para apontar o réu Robinson Teixeira dos Santos, 35 anos, como um dos responsáveis pela execução do então secretário da saúde de Porto Alegre Eliseu Santos. A acusação sustentou que era ele quem dirigia o Vectra furtado, usado para levar os atiradores até o local.
A promotora Lucia Helena Callegari pediu aos jurados que condenem o réu por todos os crimes dos quais ele é acusado. O Ministério Público sustenta que houve homicídio, com quatro qualificadoras. Entre elas, o fato de ter havido pagamento pela execução, numa morte encomendada e pelo crime ter resultado em perigo comum, já que Eliseu foi assassinado na saída de um culto religioso, em local onde outras pessoas poderiam ter sido alvejadas. A acusação também aponta as qualificadoras de recurso que dificultou a defesa da vítima e pela motivação do crime, que seria a vingança pelo fim do contrato com a empresa que fazia segurança nos postos de saúde da Capital e que na época era suspeita de envolvimento num esquema de corrupção.
— Na véspera (do crime), 25 de fevereiro, o MP tinha denunciado o esquema de corrupção. Denunciou as pessoas por corrupção. E (Eliseu) era testemunha dessa situação. E aí ele foi executado — afirmou a promotora.
Durante o interrogatório, o réu alegou que na data do crime estava no Litoral Norte, com a família. A acusação rebateu essa alegação de Robinson, sustentando que ele estava na Capital e que foi reconhecido por testemunha como sendo o motorista do Vectra usado para levar os atiradores até o local da morte de Eliseu.
— Se ele estava dia 26 de fevereiro, realmente numa festa com a esposa, a gente tem questão fundamental. A esposa não presta depoimento, não tem foto com amigos, com pai e mãe. A festa era aqui. A festa era a execução aqui. Se isso a gente pode considerar uma festa. Álibi furado, mentiroso — afirmou Lucia Helena.
A promotora sustentou ainda que, apesar de não ter sido o autor dos disparos, o réu teve participação fundamental para que o crime fosse concretizado.
— Ele é essencial para a ocorrência desse crime. Precisávamos de alguém ali esperando para o crime acontecer. Vamos deixar um matador? Ah, não foi ele que puxou o gatilho. Mas ele é essencial para esse crime — argumentou a promotora.
A acusação elencou ainda os outros crimes pelos quais o réu responde: receptação de veículo, pelo fato de o carro ter sido furtado para o crime, adulteração de placa do carro, fraude processual, pelo fato de ter sido colocado fogo no mesmo automóvel, numa tentativa de encobrir pistas e ainda por fazer parte de uma associação criminosa. Já que segundo a acusação uma quadrilha de assaltantes foi contratada para assassinar o secretário.
— Essa família vai continuar chorando o luto de tudo isso. A dona Denise (viúva) nunca se recuperou. Se passaram 12 anos. Mas fazer justiça, para quem é matador, para quem recebeu dinheiro sujo para matar. Vamos fazer o que nós cidadãos devemos fazer — disse.
Próximos passos
Depois da fala da acusação, foi determinado novo intervalo de cerca de 20 minutos. Na sequência, o julgamento será retomado com a fala da defesa de Robinson, que é representada pelos advogados Cássia Juliana Vargas Dornelles, Diorge Diander da Cunha Rocha e Pâmela Donida Farias. A defesa terá o mesmo tempo da acusação, uma hora e meia, para apresentar seus argumentos.
Depois disso, pode ser realizada réplica e tréplica com duração de até uma hora para cada parte. Na sequência, os jurados se reúnem para decidir se o réu é culpado ou não pelos crimes. A previsão é de que o júri seja encerrado por volta da meia-noite.