Desde que a mãe de Miguel dos Santos Rodrigues, sete anos, confessou à polícia que teria espancado, dopado e atirado o corpo do garoto no Rio Tramandaí, em Imbé, uma das perguntas que surgia era sobre o pai do garoto. GZH localizou o homem que diz ser o pai, apesar de nunca ter participado ativamente da vida do menino.
João Pedro Ewert, 28 anos, desempregado, mora em Joinville, no norte de Santa Catarina. Ele conta que conheceu Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 26, na Serra, logo após ele chegar ao Rio Grande do Sul. Criado no Estado vizinho, Ewert se mudou com a mãe para Nova Prata.
Foi pela internet que entrou em contato com a jovem, que morava na cidade vizinha, Paraí. Os dois viveram com a família dela por seis meses em 2012, até que se desentenderam e ele decidiu voltar para Joinville. Diz que, quando terminaram, não sabia que ela estava grávida. Dois meses após voltar, relata que soube da notícia e afirma que chegou a fazer planos de morarem juntos:
— Convidei ela para vir, mas ela não quis, era nova, não queria ficar longe da família dela.
Ewert alega ter pedido a Yasmin para que fizesse um teste de DNA, o que teria sido negado. A família de Ewert manteve algum contato com o garoto — em fotos do perfil do Instagram do homem aparecem imagens do menino. Ele afirma que acreditava que Yasmin tratava bem o filho, pelo que sabia pelas redes sociais e pelo relato da sua mãe, que mantinha mais contato com Yasmin e o menino.
— Até esse acontecimento, não se sabia que ele era maltratado. Se sabia que ela gostava do menino, tratava bem, ela gostava do menino — diz.
Segundo ele, a mulher teria mudado após começar a namorar com Bruna Nathiele Porto da Rosa, 23 anos, também presa pelo homicídio do garoto.
— Realmente, o fato que eu tenho conhecimento é de que veio a mudar quando ela teve esse novo relacionamento. Ela mudou com o menino, mas isso não saiu para fora — relata.
Questionado se realmente se considera pai de Miguel, apesar de não tê-lo registrado, fez autocrítica:
— Complicado responder isso depois da tragédia ocorrida, porque como pai eu teria de ter sido presente com ele em vida.
Sem contato próximo com Yasmin, Ewert só ficou sabendo do crime após o caso ser noticiado na imprensa:
— Minha avó viu a reportagem pela televisão na sexta-feira, ligou para a minha mãe, e ela achou a história absurda. Ela conhecia a Yasmin e sabia que cuidava bem. No sábado de manhã, a avó materna entrou em contato com a minha mãe para dar a notícia.
O nome de Ewert consta no depoimento da avó materna, ao qual GZH teve acesso no último sábado (31).
— Hoje em dia eu tenho um sentimento de que poderia ter feito algo para mudar a situação. Não tem uma palavra que eu consigo descrever, não tem como — diz.
O homem não foi interrogado pela Polícia Civil na investigação até o momento e o delegado Antonio Carlos Ractz não pretende ouvi-lo:
— Ele nunca existiu na vida dessa criança. Essa criança nunca fez diferença na vida dele. Ele não participou de nada da vida dessa criança. Então, por enquanto, ele não está no nosso radar.
O caso
A Polícia Civil prendeu em flagrante, por homicídio, a mãe que confessou ter espancado e jogado Miguel na água do Rio Tramandaí. Ela contou ter dopado a criança com um antidepressivo e, depois, o colocado em uma mala, na madrugada de quinta-feira. Em seguida, teria saído com a companheira da casa onde moravam, na área central de Imbé, e arremessado o corpo no rio.
Bruna Nathiele Porto da Rosa, companheira de Yasmin, foi presa no último domingo (1º). Ela alega que a mulher fez tudo sozinha e não teve participação, mas para a polícia ela sabia e auxiliou no resultado.
Contrapontos
O advogado Bruno Vasconcelos, até então responsável pela defesa de Yasmin, informou na tarde desta terça-feira (3) que deixará o caso. Em nota, disse que comunicará o juízo competente que não atuará mais na defesa técnica dela e que não comentará o caso. GZH entrou em contato com o Tribunal de Justiça para saber se uma nova defesa foi constituída e aguarda retorno.
A advogada Josiane Tristão Silvano, que defende Bruna, informou que está analisando o inquérito e as provas e que só deve se manifestar após conversar novamente com a cliente.