Os indicadores de dois dos principais crimes contra a vida apresentaram redução em julho no Rio Grande do Sul, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os homicídios recuaram 12,2% e os feminicídios, 86% no período, segundo dados apresentados nesta quinta-feira (13) pelo governo do Estado.
Seguindo tendência observada desde o início das medidas de distanciamento social, os crimes patrimoniais também apresentam queda. Apenas os latrocínios (roubo com morte) avançaram, com aumento de 66,7%.
Após um avanço preocupante no primeiro semestre, com alta de 24%, o registro de dois feminicídios a menos em julho reverteu o índice acumulado — que passou a apresentar queda de 4%. Foram 53 casos nos primeiros sete meses de 2020, contra 55 em igual período de 2019.
Entre os outros indicadores, considerando o mês de julho, estupro, lesão corporal e ameaças também recuaram. As tentativas de feminicídio ficaram no mesmo patamar, com 22 registros.
De acordo com o vice-governador e secretário estadual da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, o aumento de feminicídios no primeiro semestre não tem ligação com o distanciamento social devido à pandemia. Já a queda nos casos em julho é atribuída a ações que vêm sendo desenvolvidas desde o ano passado.
— (Houve) Crescimento das Patrulhas Maria da Penha. No ano passado, eram 46 municípios. Incrementamos para 98 municípios. A Polícia Civil vem se especializando cada vez mais nas delegacias de proteção à mulher e abriu novas formas de denúncia, o que tem aumentado o número dessas denúncias — relatou Ranolfo.
A Polícia Civil disponibiliza um número de WhatsApp para receber informações de casos de violência contra a mulher: (51) 98444-0606. Os registros também podem ser feitos por meio da Delegacia Online.
Ranolfo destacou ainda a criação, na última sexta-feira (7), de um comitê que reúne 16 instituições estaduais, de todos os poderes, no combate à violência contra a mulher.
Ainda em relação a julho de 2020, o Estado teve 130 assassinatos, contra 148 no mesmo mês de 2019, o que representa redução de 12,2% — o maior recuo para o mês desde 2008. A série histórica apresenta tendência de queda desde 2016, quando 247 pessoas foram assassinadas. No acumulado do ano, a queda é de 8,1% no indicador.
De acordo com o governo gaúcho, os números são puxados pela redução de casos em municípios que recebem ações específicas da Segurança Pública. Em Gravataí, que encabeça a lista, os primeiros sete meses de 2019 tiveram 51 homicídios, contra 23 no mesmo período deste ano — 28 casos a menos.
Entre maio e agosto, a cidade não registrou assassinatos durante 80 dias, marca que não era atingida há 17 anos. Em seguida, na lista, aparecem os municípios de Pelotas e Porto Alegre (24 homicídios a menos), Canoas (- 15), Guaíba (- 14) e Tramandaí (- 13).
O governador Eduardo Leite, que abriu a apresentação, acredita que a redução dos números traga impacto positivo na economia gaúcha, com a possibilidade de atração de investimentos.
— Isso nos deixa mais seguros, não somente do ponto de vista pessoal de cada gaúcho e gaúcha, mas também porque faz parte da nossa agenda de competitividade para o RS — pontuou.
Leite ainda destacou que a tendência de queda começou a ocorrer no final do governo passado. A declaração é um aceno positivo à bancada do MDB na Assembleia Legislativa, sigla que possui o maior número de deputados aliados ao Piratini. No mês passado, o governador foi alvo de críticas de emedebistas após justificar o fato de não ter conseguido cumprir a promessa de colocar em dias os salários do funcionalismo devido a passivos deixados pelo antecessor, José Ivo Sartori.
Demais crimes
O latrocínio foi o único crime contra a vida que apresentou aumento em julho: foram três casos contra cinco, avanço de 66,7%. No ano, há queda de 7,1%.
Já em relação aos ataques a banco, o Rio Grande do Sul registrou apenas dois em julho, um recuo de 77,8% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Desde janeiro, são 30 ocorrências do tipo no Estado, quando no mesmo período de 2019 eram 68 registros.
Houve redução, ainda, nos casos de roubos, ataques a comércios, furtos em geral e furtos de veículos. Apenas os roubos a transporte coletivo apresentaram ligeira alta.