Durante operação policial deflagrada na manhã desta quinta-feira (13), com 220 policiais cumprindo 151 ordens judiciais em nove cidades gaúchas e em uma catarinense, houve o cumprimento de seis mandados de prisão. Um dos presos preventivamente, no bairro Igara, em Canoas, foi Edson de Souza Galho, o Edinho, 44 anos. Ele é empresário e político filiado ao Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e concorreu a deputado estadual em 2018.
Segundo a Polícia Civil, ele é apontado em uma investigação de um ano e meio por integrar a facção criminosa que teve mais de R$ 17 milhões em bens apreendidos judicialmente e que também colocou integrantes em aulas de voo em Santa Catarina para tentar roubar um helicóptero e trocar por carreta carregada de cocaína com traficantes paraguaios. A organização criminosa, segundo o delegado Mario Souza, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, planejou fazer o mesmo que outros grupos ligados ao tráfico de drogas já realizaram na região sudeste do país.
— A facção avançou um passo na escala do crime buscando poder político ao tentar colocar um integrante na Assembleia Legislativa — ressalta Souza.
Edinho, segundo a investigação da Operação Chicago, não se envolvia com drogas e armas, sendo suspeito de fazer parte do braço financeiro do grupo, principalmente lavando dinheiro do tráfico. A polícia não divulgou o nome dos presos devido à Lei de Abuso de Autoridade, mas GaúchaZH apurou que, além do ex-candidato a deputado, também tiveram prisão preventiva decretada outros suspeitos de participar da organização criminosa: Marcus Vinícius Lima, Júlio César Mattos Aguiar, Ariel Bohn, Volnei Machado e Alex Mingotti. Segundo a polícia, foram confirmadas cinco prisões preventivas e três prisões em flagrante. Um investigado segue foragido.
GaúchaZH tenta contato com os advogados do seis investigados pela polícia para contraponto. No momento da prisão, Edinho falou para a imprensa que acompanhava a operação policial. Segundo ele, a candidatura em 2018 foi pelo povo, não por facção e que vai provar o contrário (em relação ao que a polícia apurou sobre suposto envolvimento com a organização criminosa). Em nota, o PROS se manifestou sobre a prisão do candidato.
"Após tomar conhecimento pela imprensa, a direção estadual do partido imediatamente encaminhou a expulsão do acusado. O PROS, por meio dos seus dirigentes, informa que não compactua e repudia veementemente os atos praticados pelo seu ex-filiado".
Operação Chicago
Foi deflagrada nesta quinta-feira a operação que teve como alvo atacar a lavagem de dinheiro da facção criminosa que tem base no Vale do Sinos. Além dos seis mandados de prisão, foram cumpridas 40 ordens judiciais de busca e ainda mais de cem apreensões e bloqueios judiciais.
Foram apreendidos judicialmente bens avaliados em R$ 17,3 milhões: 48 veículos, 19 imóveis e 38 contas bancárias. A ação foi resultado de um ano e meio de investigação do delegado Rodrigo Caldas, da 3ª Delegacia de Canoas, e ocorreu no município, em Porto Alegre, Sapucaia do Sul, Nova Santa Rita, Gravataí, Estância Velha, São Leopoldo, Imbé e Capão da Canoa. Além de Itapema, em Santa Catarina.
Helicóptero
Durante a investigação sobre a facção que também comprou uma fazenda no Mato Grosso com quase três vezes o tamanho de Porto Alegre, foi descoberto um plano para roubar um helicóptero de uma escola em Santa Catarina. Segundo Caldas, os agentes tiveram acesso ao planejamento do esquema e de trocas de conversas por mensagens entre os traficantes.
Isso foi no final de 2018 e deu início às apurações da polícia. No início, eles queriam alugar uma aeronave, mas depois matricularam dois integrantes da organização criminosa em aulas de voo para que o roubo fosse realizado.
O objetivo era trocar o helicóptero por uma carreta carregada de cocaína proveniente do Paraguai. Caldas espera que, com as prisões realizadas nesta quinta-feira e com os depoimentos, possa se ter certeza do motivo que levou os traficantes a desistiram do plano.
Para a polícia, pode ter sido em parte pela descapitalização da facção criminosa — que vem ocorrendo por meio de operações sobre lavagem de dinheiro — ou pelo fato de que não houve acordo entre o grupo e os fornecedores da droga.