A Polícia Civil realizou na manhã deste sábado (15) o cumprimento de buscas e apreensão em uma residência na cidade de Passo Fundo, norte do Estado, que pertence a um integrante de organização criminosa que atua em várias regiões aplicando o golpe do bilhete premiado. Foram apreendidos, entre outros itens, R$ 3 mil e US$ 2,4 mil que seriam de uma vítima lesada nesta semana no interior do Paraná.
Além do dinheiro, foram recolhidos telefones, documentos, um veículo e uma máquina de apontamento do jogo do bicho. A polícia não descarta o pedido de prisão do suspeito se houver a confirmação que os valores apreendidos foram subtraídos da vítima paranaense, que é uma idosa.
A organização criminosa de Passo Fundo é investigada por aplicar este golpe há mais de 20 anos, inclusive com integrantes já falecidos, em todo o Rio Grande do Sul. Nos últimos anos, passou a agir nos demais Estados do Sul, em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro. Mais recentemente, houve a confirmação da fraude também no Centro-Oeste. O delegado Diogo Ferreira ressalta que já realizou o indiciamento de 250 golpistas da região em 10 inquéritos. Segundo ele, o grupo tem cerca de 400 investigados e já movimentou financeira — principalmente com a lavagem de dinheiro — cerca de R$ 55 milhões. Em uma das ações, a polícia apreendeu com os golpistas um Chevrolet Camaro amarelo. Depois disso, obteve autorização judicial para utilizar o carro em ações contra o crime.
Como funciona o golpe do bilhete premiado
A forma mais comum de abordagem é aquela em que um primeiro estelionatário se aproxima de uma vítima perto de bancos ou praças. Os alvos principais dos bandidos são pessoas idosas ou que aparentem boa situação financeira. O criminoso se passa por uma pessoa pobre e analfabeta, e pergunta inicialmente onde fica a agência da Caixa Econômica Federal mais próxima porque tem um bilhete premiado e precisa trocá-lo.
Em seguida, um segundo estelionatário chega. Ele sempre usa roupas sociais e se oferece para ajudar, simulando um telefonema para o banco. Na sequência, surge o terceiro criminoso, que se apresenta como funcionário da Caixa. A partir daí, há a confirmação com o telefone no viva voz, de forma que a vítima possa ouvir, dos números sorteados e do valor do falso prêmio.
O bancário informa a documentação e condições para sacar o dinheiro. Depois disso, o primeiro estelionatário — que aparenta ser pouco instruído — diz não ter documentos e pede ajuda à vítima e ao comparsa para receber o prêmio. Ele promete repartir o dinheiro com quem auxiliar — mas exige uma quantia financeira antecipada para garantir que não seria "roubado" pelas pessoas que o estão ajudando.
Seduzida pela possibilidade de receber parte do prêmio, a vítima se oferece para comprar o bilhete e é levada até uma agência bancária para sacar um valor estipulado e dar como garantia. Após a vítima entregar a quantia em espécie, os criminosos desaparecem e o golpe é concluído. Em alguns casos, a vítima até percebe que pode ser um golpe, mas é ameaçada psicologicamente pela quadrilha.